Trabalhistas apelam para "voto útil" para evitar vitória conservadora no Reino Unido
Contra os conservadores, tudo. É essa a estratégia dos líderes do Partido Trabalhista, que comanda o Reino Unido há 13 anos, para desbancar o favorito David Cameron nas eleições de quinta-feira (6). Para isso, estão incentivando o voto tático em candidatos liberais-democratas em distritos onde eles têm mais chances de bater os oposicionistas. Querem ser retribuídos onde tiverem mais chances contra os rivais.
Conheça os candidatos
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O sistema eleitoral britânico opera com voto distrital e cada um dos 650 distritos indica um integrante para o Parlamento. Ali, eles indicam o líder de sua preferência ao cargo de primeiro-ministro, ocupado há dois anos pelo trabalhista Gordon Brown, que terá dificuldades para seguir em Downing Street 10, sede do governo, mesmo se impedir o Partido Conservador de obter uma maioria decisiva.
Por conta disso, desde o início da semana surgiu a defesa do voto tático. O ministro das Escolas, Ed Balls, e o representante do governo para o País de Gales, Peter Hain, deram uma mensagem clara aos eleitores do seu partido: “Votem com a cabeça, não com o coração”. Brotaram listas de locais onde os trabalhistas poderiam votar nos liberais-democratas, liderados pelo candidato Nick Clegg, para barrar Cameron. Até que nesta terça-feira (4) coube ao próprio Brown defender o expediente de forma escamoteada.
“Existe uma maioria anticonservadora neste país”, disse o premiê durante discurso em uma faculdade no norte da Inglaterra. “Olhem para as regiões em que vocês estão e descubram que a disputa é entre trabalhistas e conservadores, e não permita que um voto liberal por ocasião eleja um candidato conservador”, pediu ele, ainda advogado de uma distante maioria de seu partido na Câmara dos Comuns (análoga à Câmara dos Deputados brasileira).
Entenda como funciona um Parlamento sem maioria
Desde a Segunda Guerra, houve apenas uma exceção à regra de que no Reino Unido não se elege parlamentos sem maioria clara.
A maior probabilidade, segundo as pesquisas, é de um Parlamento sem maioria clara. Cameron aparece com vantagem de cerca de 35% no voto geral, enquanto trabalhistas e liberais-democratas variam entre 2¨6% e 30%, tecnicamente empatados. Mas a divisão dos distritos ainda coloca os atuais governistas como principais adversários dos conservadores, que podem ter estreita vantagem na votação de quinta-feira.
Amigos e inimigos
Depois de perder o apoio até do tradicional aliado diário “The Guardian”, os trabalhistas ganharam o tablóide “Daily Mirror” em suas fileiras. A capa do jornal nesta terça-feira é um exemplo do que os governistas querem que aconteça graças ao sistema distrital do país.
A manchete do jornal, acima de uma foto de Cameron cruzada por um X, diz: “Como pará-lo” e enumera “71 cadeiras em disputa acirrada onde o seu voto tático pode salvar o Reino Unido de um pesadelo conservador”.
Horas depois de o primeiro exemplar chegar às bancas, Brown teve de lidar com uma pequena crise interna detonada por um candidato trabalhista ao Parlamento que o descreveu como “o pior primeiro-ministro da história” do Reino Unido. Horas depois, a ousadia contra o premiê o forçou a desistir, em um momento no qual a liderança do primeiro-ministro é colocada em xeque, já que ele pode ter de renunciar não só ao governo, mas também ao comando dos trabalhistas.
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