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Marco Aurélio Garcia diz que céticos veem o Irã como Satã

Da Agência Brasil

Em Brasília

18/05/2010 09h59

O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que alguns governos não estão dispostos a acreditar em um acordo nuclear com o Irã porque acham que o país “é Satã”. Segundo ele, essa é a causa do ceticismo que domina parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos. As informações são da BBC Brasil.

“O ceticismo não é daqueles [países] que são céticos, mas daqueles que não querem que haja acordo”, afirmou Garcia, que participa da 6ª Cúpula União Europeia, América Latina e Caribe, em Madri, na Espanha.

“A minha impressão é que determinados países esperam que as sanções mudem a situação interna do Irã. É uma hipótese profundamente equivocada”, acrescentou o assessor especial.

Para Garcia, não há problemas no fato de o Irã pretender manter o enriquecimento do urânio a 20% no seu território apesar do acordo. Segundo parte da comunidade internacional, isso causa desconfianças em relação ao cumprimento do acordo.

“Se as sanções fossem votadas, a Rússia iria votar uma sanção deste 'tamanhozinho' [disse ao gesticular com os dedos indicador e polegar quase juntos]. A China não fala, mas sabemos que iria também nessa direção”, disse o assessor, referindo a dois dos cinco integrantes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – integrado também pelos Estados Unidos, pela França e Inglaterra.

O assessor da Presidência disse que o acordo fechado com a mediação do Brasil é apenas o primeiro passo para alcançar um consenso internacional e que não há a sensação de que o assunto está completamente solucionado.

Segundo Garcia, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, entendeu que o Brasil e a Turquia apresentaram "uma oportunidade” para que o Irã saísse do isolamento por meio de "interlocutores que não estavam lá para satanizá-los".

De acordo com ele, o governo do Brasil desempenhou "um trabalho fantástico". “[Mas] todo mundo tem que entender que o conflito não está resolvido”.