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Lei americana impede trabalho de voluntários na limpeza de vazamento de óleo

Talita Boros<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

11/06/2010 07h54

O trabalho de limpeza e remoção do óleo no golfo do México é realizado e autorizado somente por pessoas contratadas pela própria BP (British Petroleum), responsável pela plataforma "Deepwater Horizon", causadora do acidente no fim de abril. Segundo Leonardo Viana, integrante da ONG norte-americana Ocean Conservancy, o trabalho voluntário não é permitido pela lei americana em casos de derramamento de óleo.

“Embora muitos voluntários queiram ajudar, isso não é permitido pela lei. A responsável pelo desastre (BP) é quem contrata, treina e paga pessoas para fazerem esse trabalho”, afirmou. Segundo Viana, a única forma das ONGs e de voluntários participarem do processo de limpeza é na realização de um trabalho “pré-chegada do óleo nas praias”.

Quanto já vazou

Melhor cenário Pior cenário
109 milhões de litros 449 milhões de litros
ou 43,6 piscinas olímpicas ou 179,6 piscinas olímpicas

“Nós recrutamos voluntários e limpamos o lixo das praias que ainda podem ser atingidas pelo óleo. Com a remoção de plásticos, garrafas pet e outros tipos de objetos, nós evitamos que os materiais se tornem lixo tóxico com a chegada do óleo, o que complicaria ainda mais o processo de limpeza da região afetada”, disse.

Viana explica que em casos de desastres ambientais como o do golfo do México, os primeiros contratados para o trabalho de limpeza são as pessoas mais afetadas pelo acidente, como pescadores e desempregados, moradores da região atingida.

Segundo a “Times”, a BP contratou cerca de 4.000 pessoas nos quatro Estados do golfo do México afetados para realizar a limpeza.

O acidente com a plataforma da “Deepwater Horizon” é o pior vazamento de petróleo na história dos EUA, superando o acidente de 1989 com o navio Exxon Valdez no Alasca. Os milhões de litros de óleo já derramados estão causando graves prejuízos ambientais e econômicos.


Na quinta-feira (10) a petrolífera afirmou que seu sistema de contenção do vazamento de óleo coletou 15,8 mil barris. "A operação [de captura] está estabilizada", informou a empresa. Cientistas do governo estimam que esteja vazando entre 12 mil e 25 mil barris diários.

O navio-tanque da BP, que está recebendo o óleo por um tubo conectado ao poço, pode processar até 18 mil barris por dia. A empresa também está preparando uma outra plataforma para queimar de 5.000 a 10 mil barris diários.

Ainda não se sabe ao certo a tamanho do desastre, já que os números são estimativas e o governo norte-americano ainda não conseguiu oferecer melhores previsões.

O vazamento ocorre a uma profundidade de 1.500 metros no leito do golfo do México. O sistema de contenção está captando grande parte, mas não todo o óleo que vaza.

*Com agências internacionais