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Zelaya pede solução para sua volta a Honduras

Luiz Antônio Alves

Correspondente da Agência Brasil<br>Em Buenos Aires

20/08/2010 11h11

Convidado de honra do Foro de São Paulo, que completa 20 anos e realiza seu 16º encontro na capital argentina, o ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya participou na noite de quinta-feira (19) do encontro entre 100 representantes da organização e a presidente Cristina Kirchner para uma conversa sobre a situação política internacional.

Zelaya foi deposto em junho de 2009, acusado de tentar modificar a Constituição ilegalmente, por meio de um plebiscito, para concorrer à reeleição. Expulso do país, Zelaya retornou em 21 de setembro de 2009 e permaneceu quatro meses refugiado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, capital de Honduras. O Brasil e outros países da América do Sul e do Caribe defendem a manutenção da suspensão de Honduras da Organização dos Estados Americanos (OEA) até que o atual presidente Porfírio Lobo dê anistia a Zelaya.

Logo após o encontro com Cristina Kirchner, Zelaya disse à "Agência Brasil" que em futuro próximo visitará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que continua mantendo contatos com todos os governos latino-americanos por meio de correspondências ou visitas esporádicas, tentando buscar uma solução que permita sua volta a Honduras. "Nós apresentamos um plano de conciliação, mas o governo de meu país, que tem o apoio dos Estados Unidos, não quis escutá-lo. O governo poderia, pelo menos, oferecer indícios de que cessará com a violação dos direitos humanos, permitindo a democracia e a liberdade."

O ex-presidente hondurenho considera que o apoio do Brasil ao seu retorno, com a garantia de manutenção dos seus direitos civis, é correta porque está ligada a um princípio de reconstrução da democracia. "Nosso contato com o Brasil e outros países busca um acordo mínimo que possa ser cumprido pelo governo que assumiu o poder depois do golpe de Estado. É um governo que assumiu o poder após eleições que nós consideramos terem sido realizadas debaixo de repressão e, por isso, não representam a vontade popular. Portanto, esse governo deve buscar uma saída, que é o respeito à liberdade pública que os cidadãos devem ter."

Zelaya disse que o apoio do Brasil e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do assessor especial para Assuntos Internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, salvaram sua vida no momento em que estava sendo perseguido. "Havia a possibilidade de eu ser liquidado pelos militares. Quando voltei a Honduras, o governo de fato considerou que minha presença no país era uma agressão. A proteção que o Brasil me ofereceu, abrigando-me em sua embaixada, praticamente impediu que me liquidassem, como pretendiam fazer."

Ontem, ao falar sobre a presença de Zelaya em Buenos Aires para participar do Foro de São Paulo, o embaixador Oscar Laborde, representante especial para a Integração e a Participação Social do Ministério das Relações Exteriores argentino, afirmou o seu país "não reconhecerá o governo do atual presidente hondurenho, Porfírio Lobo, até que se cumpram as mínimas condições para a manutenção dos direitos civis tanto de Zelaya como do conjunto do povo hondurenho”. Em entrevista à Agência Brasil, ele defendeu ainda que seja feita uma investigação sobre o golpe de Estado.