Macron parabeniza primeiro-ministro do Reino Unido: 'Cooperação para a paz'
Líderes mundiais parabenizaram a vitória de Keir Starmer, novo primeiro-ministro eleito no Reino Unido, na manhã desta sexta-feira (5).
O que aconteceu
"Cooperação bilateral vai continuar", afirmou Emmanuel Macron. Em publicação nas redes sociais, o presidente francês afirmou que o trabalho dos países é se unir para "paz e segurança na Europa".
"Parceria construtiva", diz Ursula von der Leyen. A presidente da União Europeia também citou a segurança como um dos pilares de colaboração entre o órgão, e o país que deixou o bloco oficialmente em 2020.
"Vamos construir um futuro mais progressivo e justo para pessoas dos dois lados do Atlântico", afirmou Justin Trudeau. O premier do Canadá classificou a vitória como "histórica".
Presidente Lula deseja "ótimo mandato". Também nas redes sociais, Lula publicou uma foto ao lado de Starmer afirmando que deseja o "fortalecimento dos laços diplomáticos" entre os dois países.
Após reconhecer derrota, Rishi Sunak informou que também vai deixar a liderança do partido conservador. Após reconhecer vitória do adversário, atual primeiro-ministro pediu desculpas e afirmou que "é importante que Partido Conservador se reconstrua".
Quem é Keir Starmer
Foi procurador-geral da Inglaterra e do País de Gales. Filho de um operário e uma enfermeira que também apoiavam os Trabalhistas, Keir Starmer tem 61 anos e nasceu em Londres, mas foi criado em Oxted, no sudeste da Inglaterra. Formado em direito pela Universidade de Leeds, entrou tarde na política: foi eleito deputado apenas em 2015 e substituiu Jeremy Corbyn à frente dos Trabalhistas em 2020. Desde então, tem insistido em aproximar o partido das posições de centro.
É um grande fã de futebol e torcedor do Arsenal. Starmer é casado com Victoria Alexander — conhecida como Lady Vic entre os Trabalhistas — desde 2007 e tem dois filhos, um menino e uma menina, ambos adolescentes. Em junho, em entrevista à Sky News, ele disse ter receio do impacto que a eleição para primeiro-ministro poderia causar a sua família. "Eles estão numa idade difícil", explicou, acrescentando que ainda não apareceu ao lado dos filhos em público para "protegê-los".
Durante a campanha eleitoral, definiu seis prioridades. Starmer prometeu estabilidade econômica, redução da fila de espera no NHS, reforço da polícia, nova política energética, abertura de cargos para professores e criação de um centro de comando para aumentar a segurança das fronteiras. Quando questionado sobre como gostaria de ser lembrado, respondeu: "Como alguém que teve um governo trabalhista ousado e reformista. Como um grande pai e amigo".
Detesto perder, principalmente no futebol e na política. Jogo futebol toda semana, no meio do campo, comandando. Muita gente fala que o importante é participar. Não sou dessa opinião. O que importa é vencer.
Keir Starmer, ao The Guardian, em agosto de 2023
Herança do antecessor
Economia britânica vem patinando desde o Brexit, em 2016. O principal argumento dos Conservadores era de que, com o Brexit, o Reino Unido estaria livre das amarras da UE e poderia fechar acordos comerciais com outros países. Na prática, aconteceu o contrário: os custos de vida e dos negócios subiram, a burocracia aumentou e a parte da mão de obra estrangeira deixou o país. Em 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) britânico cresceu 1,6%, de acordo com dados oficiais; em 2023, a expansão foi de 0,1%.
Estado crítico dos serviços é visto como herança conservadora. Os trabalhadores perderam o poder de compra, as listas de espera do NHS — equivalente ao SUS brasileiro — estão ficando mais longas e há cada vez mais vagas não preenchidas. Desde 2022, houve uma greve atrás da outra em todos os setores do Reino Unido, sem nenhum resultado satisfatório para os sindicatos. Não à toa, segundo a RFI, os eleitores veem a saúde e a educação como as questões mais importantes dessas eleições gerais.
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Quero receberConvocação das eleições foi 'desespero', diz professor. Klaus Guimarães Dalgaard, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), lembrou que os próprios Conservadores tinham como certa a realização das eleições no outono no Hemisfério Norte — isto é, entre setembro e novembro —, na expectativa de que Sunak teria números melhores para apresentar à população. Como o prognóstico era ruim, o anúncio foi antecipado para maio. A estratégia não deu certo, e o atual premiê foi derrotado nas urnas.
O fato é que o Brexit tem sido um desastre econômico, e os britânicos estão sentindo isso na pele. O Estado está falido, com queda na arrecadação todo ano. Não tem dinheiro para nada - e até por isso tem cortado gastos sociais. A economia está absolutamente um desastre. É isso que tem levado a essa enorme queda de apoio do Partido Conservador.
Klaus Dalgaard, da UFSC
(Com AFP e RFI)
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