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Mesmo após discurso de Mubarak, população continua nas ruas no Egito

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo*

29/01/2011 05h32Atualizada em 29/01/2011 08h38


O compromisso de mudar o governo firmado na sexta (28) pelo presidente do Egito Hosni Mubarak não tirou a população das ruas no início deste sábado. Centenas de egípcios ocupavam o centro da capital Cairo, especialmente a praça Tahrir, que foi tomada pelo Exército depois dos violentos distúrbios desta sexta-feira.

Ontem, Mubarak, que está no poder há 30 anos, surpreendeu a população com um discurso feito na noite de ontem, no qual foram abordados diversos temas, menos a sua renúncia, que a oposição exige.

Grupos de oposição criticam o discurso do presidente, porque, para eles, o governante não “realiza as aspirações do povo”, disse um comunicado da Assembléia Nacional para a Mudança, liderada pelo Prêmio Nobel da Paz Mohamed el Baradei. Oposicionista, Baradei chegou ao Cairo na quinta-feira e na sexta foi mantido sob prisão domiciliar “para sua própria proteção”.

Egito

Neste sábado, tanques das Forças Armadas do país estão posicionados em pontos chave da cidade, como a praça Tahrir, as arredores do Museu Egípcio, a sede do Partido Nacional Democrático, de onde ainda sai fumaça após o incêndio iniciado na noite de sexta, e a emissora de televisão pública egípcia, que manifestantes tentaram invadir ontem sem sucesso.

Na praça Tahrir (Libertação, em árabe), epicentro dos protestos dos últimos dias, centenas de pessoas, em sua maioria homens jovens, seguiam presentes após uma noite acordadas e dialogavam com os soldados.

Os violentos confrontos no país deixaram ao menos 29 mortos, de acordo com fontes médicas. Segundo a Agência EFE, 20 pessoas morreram apenas na capital do país. Na cidade de Alexandria, 23 teriam morrido nos protestos, disse a TV ""Al Jazeera". Assim, somando-se os números das cidades de Alexandria, Cairo e Suez, o total de mortos seria de 50 no país.

Distúrbios

O centro do Cairo amanheceu neste sábado com claros sinais dos distúrbios da véspera. Na praça Abdel Menem Riad, onde na sexta-feira morreram quatro pessoas, dois microônibus e uma caminhonete da Polícia estavam carbonizados. Também nos arredores do Museu Egípcio, que conserva as relíquias arqueológicas mais importantes do país, e na avenida Ramsés, pelo menos meia dúzia de veículos, um tanque e uma viatura policial estavam queimados.

Outras zonas da cidade também mostravam sinais da violência, dos saques e dos incêndios da noite de ontem, como a avenida Al Haram, que leva às pirâmides de Giza e que amanheceu cercada por militares e grupos de jovens.

Entre os estabelecimentos saqueados estão os cassinos Al Lail e El Andalus e o hotel Europa, enquanto uma delegacia restaurada recentemente havia sido incendiada. Além disso, centenas de pessoas aguardavam pelos meios de transporte público diante da falta de ônibus.

Na praça de Giza, a principal dessa região, podia ser vista uma fila de oito caminhões das forças antidistúrbios incendiados.

Comunicação

As comunicações por telefonia celular, bloqueadas desde a manhã de sexta-feira, começaram a ser restabelecidas pouco depois das 10h da hora local (6h de Brasília), segundo comprovou a EFE. Os telefones celulares, que foram essenciais para articular os protestos nos dias anteriores, ficaram sem operar durante toda a sexta-feira, quando dezenas de milhares de egípcios saíram às ruas para pedir a renúncia do presidente Hosni Mubarak.

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que telefonou para Mubarak e pediu para que seja liberado imediatamente o acesso a internet e telefones no Egito.

Obama fez um apelo para que seu colega tome medidas concretas que levem às promessas de maior liberdade e democracia ao povo egípcio feitas minutos antes.

* Com agências internacionais