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Curiosos encaram maratona em frente a hotel em Copacabana para ver Obama

Daniel Milazzo<br>Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

20/03/2011 21h05

É certo que chamar de "obamania" talvez extrapole a realidade. Mas não é exagero dizer que fazer vigília para ver o presidente dos Estados Unidos, nem que seja por frações de segundo ou através do vidro fumê, virou esporte para alguns cariocas neste domingo (20).
 
 
Maratona, no caso de Ananias de Souza. O aposentado de 64 anos estava desde as 6h30 de guarda em frente ao hotel Marriott, na orla de Copacabana, zona sul do Rio. Ele garante que o esforço vale a pena. "O Obama passou uma mensagem: onde um homem chega, qualquer um pode chegar. Isso mexeu comigo", disse Souza. Cãimbras o aposentado teve... nas mãos. "É de ficar segurando a placa", revela. Construída a partir de cabos de vassouras amarrados por uma fita isolante e quatro metros de tecido, o recado de boas vindas ao presidente americano custou R$ 100 ao aposentado. "Fiz com um amigo meu, que me deu desconto. Depois eu pago", contou.

Veja a íntegra do discurso de Obama no Rio

 
O número de curiosos em frente ao hotel diminui com o avançar da hora e após a reabertura de uma das pistas da Avenida Atlântica --que todo domingo fica fechada até as 18h, para a circulação de veículos, e aberta, para o lazer. Mesmo assim, a presença do convidado ilustre em frente a uma das mais famosas praias do mundo já ajudou a pequena economia local.
 
Pelo menos, no caso do sorveteiro Antônio Cabral. Normalmente, ele vende seus picolés em frente ao posto 4, a um quarteirão do Marriott. Malandramente, hoje ele mudou de local. E vendeu nada menos que o dobro do que o habitual.
 
A rotina da região também mudou. Devido ao forte esquema de segurança montado, turistas hospedados no mesmo hotel de Obama têm que identificar-se para entrar no prédio. No restaurante da esquina mais próxima, os clientes abdicavam da vista para a praia, preferindo ficar de frente para o hotel na esperança de pescar algum movimento do homem mais poderoso do mundo. Homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar, da Brigada de Infantaria Paraquedista e da Policia do Exército mantém o isolamento da região.
 
Mas a tietagem não é consenso. A jovem Kaline Alledi jura que chegou ali por acaso. "Eu não estou nem aí para quem é o Obama", disse. Nisso, uma senhora contrariada com o comentário saiu furiosa. "Depois de ouvir uma coisa dessas é melhor até ficar longe", criticou.
 
Para passar o tempo, as conversas percorrem desde os desertos da Líbia até críticas à presidente Dilma Rousseff, além, é claro, da paparicagem a Obama, problemas e belezas do Rio. A monotonia da fachada do Marriott era, vez por outra, quebrada por outros hóspedes que se aproveitavam do tratamento de rock star oferecido pelos curiosos a Obama. Alguns chegaram a acenar para o público.
 
Precisamente às 20h42, assim que o comboio de Obama saiu, fotógrafos dispararam e as pessoas começaram a gritar, com acenos, aplausos, risos, mesmo que fosse impossível saber em qual dos veículos estava o presidente americano, que seguiu para a visita ao Cristo Redentor. A epifania não durou nem um minuto: logo em seguida, muitos se dispersaram. Mas o assunto fica.