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Jornalistas apagaram recados do celular de jovem britânica no caso dos grampos, diz testemunha

Do UOL Notícias, em São Paulo

29/11/2011 11h36

As mensagens gravadas na caixa postal do celular da jovem Milly Dowler, morta em 2002 na Inglaterra, não foram apagadas pelo investigador acusado de organizar o esquema de grampos do "News of the World", Glen Mulcaire, mas sim pelos jornalistas do tabloide. A afirmação foi feita pelo jornalista Nick Davies, que revelou o esquema de grampos telefônicos do tabloide britânico "News of the World". 

"Se você me perguntar quem hackeou a caixa postal de Milly, a resposta é: um ou mais jornalistas do News of the World apagaram as mensagens gravadas", disse Davies nesta terça-feira (29) ao participar do inquérito que investiga o caso.
 
Segundo ele, o detetive era apenas um "facilitador" que conseguia todas as informações sobre as companhias telefônicas mas que nunca chegava a ouvir o conteúdo das mensagens hackeadas.
 
O "News of the World" é acusado de realizar durante anos uma espionagem de telefones celulares de famosos, jornalistas e outras pessoas com o objetivo de conseguir reportagens exclusivas.  O caso de Milly Dowler é um dos mais polêmicos.
 
Milly foi sequestrada em 2002 e encontrada morta seis meses depois. Um ex-segurança de um clube noturno foi sentenciado à prisão perpétua no início deste ano por tê-la matado. No entanto, o tabloide hackeou o telefone da menina depois de ela desaparecer e, enquanto as mensagens de sua caixa postal eram apagadas, a família continuava tendo esperanças de que a garota estava viva.
 
O jornal foi condenado a pagar uma indenização de 2 milhões de libras (R$ 5,7 milhões) à família de Milly, e Rupert Murdoch ainda afirmou que doaria pessoalmente mais 1 milhão de libras para instituições beneficentes escolhidas pela família Dowler.
 
O inquérito Leveson é divido em duas partes. A primeira, que consiste nos atuais depoimentos, servirá para recomendar mudanças na maneira como a mídia no Reino Unido é regulada e também apresentar novas revelações no caso dos grampos.
 
A segunda parte será aprofundada no caso dos grampos telefônicos praticados pelo jornal, embora esta fase só possa começar depois de terminada a investigação policial em curso, cuja data de conclusão não foi determinada.