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Partido de Putin garante maioria no Parlamento, mas registra queda no apoio

Do UOL Notícias*, em São Paulo

05/12/2011 08h57Atualizada em 05/12/2011 10h06

O partido Rússia Unida de Vladimir Putin conseguiu a maioria absoluta na Câmara Baixa do Parlamento (Duma), elegendo 238 deputados em um total de 450, segundo os números da divisão preliminar dos mandatos anunciados nesta segunda-feira pela Comissão Eleitoral. A maioria absoluta na Duma é de 226 deputados.
 
No entanto, comparada às eleições anteriores, o partido de Putin registrou queda nos votos, obtendo 49,54% dos votos agora, contra 64,3% em 2007. O partido do primeiro-ministro Putin havia conquistado 315 cadeiras na Duma em 2007. Com o resultado de domingo, a formação perde a maioria de dois terços que permitiu modificar a Constituição.
 
 
A votação de domingo era considerada um teste crucial de popularidade para o premiê Putin, uma das figuras mais influentes da política russa na última década, que planeja se candidatar à presidência russa.
 
"Mesmo nos tempos mais difíceis, as pessoas tem declarado que acreditam no nosso potencial de construir prosperidade para o país", disse Putin na noite de domingo ao tomar conhecimentos dos resultados parciais.
 
Quanto aos demais partidos, o Partido Comunista, segundo nas eleições legislativas de domingo, terá 92 deputados, o partido Rússia Justa 64 e o partido Liberal Democrata 56, de acordo com as regras de distribuição das cadeiras na votação, realizada em sistema proporcional, anunciou Vladimir Churov, presidente da Comissão Eleitoral Central.
 
A distribuição dos mandatos de deputados foi calculada com base na apuração de 96% dos votos. O Rússia Unida recebeu 49,54% dos votos, um nível elevado, mas que representa uma queda de quase 15 pontos na comparação com as eleições de 2007 (64,3%).
 
A imprensa russa destacou a perda de votos do Rússia Unida, liderado pelo atual presidente russo, Dmitri Medvedev, e que o resultado, ainda favorável, foi obtido apoiando-se em um aparato administrativo a serviço do regime de Putin, exercendo pressões contra ONGs e meios de comunicação independentes e organizando fraudes.
 
"O Rússia Unida perde a maioria constitucional", disse o jornal "Kommersant", acrescentando que o partido no poder "terá que buscar aliados" na Duma.
 
Já o jornal  "Vedomosti" chamou o Rússia Unida de "o partido da minoria" em sua manchete.  "Se a sociedade precisava confirmar que as eleições eram 'fraudadas', a confirmação pode ser vista pelo nervosismo e pela reação histérica das autoridades diante das tentativas legais e pacíficas de controlar o desenvolvimento da eleição", opinou Vedomosti.
 
O jornal ressalta, em particular, os ciberataques que paralisaram os sites das ONG Golos, especializada na vigilância das eleições e dos meios de comunicação independentes, como o jornal Kommersant e a rádio Eco de Moscou.
 
Denúncias de fraude também marcaram o dia seguinte à eleição. Segundo o vice-diretor do Partido Comunista, Ivan Melnikov, foram recebidas "milhares de ligações de oficiais regionais, confirmando muitas violações e fraudes". "Ao longo do dia, foi como receber relatos de uma zona de guerra", completou ele. 
 
Entre as principais denúncias estão desde a compra de votos à descoberta de urnas cheias de votos falsos.
 
*Com agências internacionais