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EUA estimularão o Irã se deixarem de agir na Síria, afirma Kerry

Do UOL, em São Paulo

10/09/2013 11h26

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que se o Congresso americano rejeitar uma intervenção militar na Síria, estimulará o Irã a continuar com seu programa nuclear.

"O Irã tem um programa nuclear e está vendo o que nós fazemos. Se não agirmos (na Síria), mandamos uma mensagem a eles sobre a fraqueza americana", disse Kerry, que participa nesta terça-feira (10) de uma audiência na Câmara dos Deputados americana para discutir uma intervenção na Síria. 

Segundo o secretário de Estado, deixar de agir na guerra do país árabe pode levantar dúvidas sobre a atuação do presidente americano, Barack Obama, no futuro. "Ele vai mesmo fazer algo [contra quem usar armas químicas]? E, se decidir agir, o Congresso vai apoiar?"

Kerry disse ainda que os EUA têm interesse em conter "todas as armas de destruição em massa", argumentando que "nossas próprias tropas se beneficiam disso". "Se não respondermos ao regime Assad, vamos prejudicar nossas tropas na guerra."

O secretário americano disse que os EUA "vão esperar, mas não muito" para a Rússia detalhar sua proposta para a Síria.

Rússia faz plano com Síria

A Rússia anunciou nesta terça-feira (10) que já está trabalhando em conjunto com a Síria em um em um "plano concreto, claro e eficaz" para deixar sob controle internacional as armas químicas do regime de Bashar Assad.

Segundo o chanceler russo, Sergei Lavrov, a Rússia está preparada para apresentar "em breve" o plano ao Conselho Segurança da ONU e à comunidade internacional.

"Estamos preparando as propostas concretas em forma de um plano, que será apresentado a todas as partes interessadas, incluído, claro, os Estados Unidos", afirmou o chefe da diplomacia russa, que disse manter contato com o secretário de Estado dos EUA.

O ministro russo frisou que a iniciativa de pôr o arsenal químico sírio sob controle internacional "não elimina a necessidade de investigar todas as denúncias de emprego de armas químicas na Síria".

Segundo Lavrov, a proposta de colocar as armas químicas sob controle internacional surgiu "dos contatos que mantivemos com os colegas americanos e da declaração de Kerry, que apontou a possibilidade de se evitar os ataques (à Síria) se for resolvido este problema (das armas químicas)".

Obama pode suspender ataque

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou na segunda-feira (9) que poderia suspender um possível ataque militar na Síria se o regime de Bashar Assad aceitar a proposta russa para que seu arsenal de armas químicas fique sob controle da comunidade internacional.

O chefe da Casa Branca afirmou que a proposta russa é um passo "positivo" para evitar uma intervenção militar contra Damasco, mas enfatizou que falta ver se a iniciativa é séria e não uma tática para ganhar tempo.

Obama anunciou recentemente que tinha tomado a decisão de lançar um ataque "limitado" contra alvos militares do regime sírio em represália por um suposto ataque com armas químicas contra a população civil, que Washington considera provado.

Oposição síria é contra

A oposição síria chamou de "manobra política" a proposta da Rússia de colocar sob controle internacional o arsenal químico de Damasco para evitar ataques ocidentais, e exigiu mais uma vez uma "resposta" contra o regime de Bashar Assad.

"É parte dos adiamentos inúteis e que só provocarão mais mortes e destruição para o povo sírio", afirma um comunicado da Coalizão da Oposição Síria.

Segundo a Coalizão, "a violação da lei internacional requer uma resposta internacional adequada", o que pode ser interpretado como um pedido indireto ao governo de Obama para que não abandone o projeto de ataque contra o regime sírio.

"Os autores dos crimes de guerra não podem ser desculpados e os crimes contra a humanidade não podem ser apagados com concessões políticas ou entregando o instrumento com o qual os crimes foram cometidos", completa o comunicado da oposição síria a respeito das armas químicas.

China e Irã apoiam Rússia

China e Irã manifestaram apoio à proposta russa nesta terça-feira (10).

"Saudamos e damos nosso apoio à proposta russa", declarou Hong Lei, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores

"Se a proposta representar alívio da tensão na Síria e seguir no sentido de um solução política da crise síria, mantendo a paz e a estabilidade na Síria e na região, a comunidade internacional deve dar importância", completou

"O Irã recebe favoravelmente a iniciativa da Rússia que pretende impedir qualquer ação militar contra a Síria", afirmou a porta-voz da diplomacia iraniana, Marzieh Afgham. (Com Reuters, AFP e Efe)