Moscou ganha papel de destaque ao mediar a crise na Síria
A crise na Síria agudizou-se com a discussão esta semana, no Congresso americano, sobre o ataque às forças do presidente Bashar Assad. Paralelamente, a Rússia marcou um ponto importante no terreno diplomático. Numa declaração feita em Moscou, o ministro do exterior russo Sergueï Lavrov, informou que seu governo havia pedido aos dirigentes sírios que pusessem suas armas químicas sob controle internacional para proceder à destruição deste arsenal.
Dispondo no porto sírio de Tartus de sua única base naval fora da Rússia, o governo de Moscou considera Assad como uma barreira aos movimentos jihadistas na região e tem sido o fornecedor de armas e o principal sustentáculo internacional do governo sírio.
Com essa tomada de posição em favor de uma solução diplomática, Moscou passou a ocupar o primeiro posto nas negociações sobre a crise, obrigando a França e os Estados Unidos a reconhecerem seu papel decisivo na arena internacional.
A França reagiu logo à proposta russa, impondo no entanto três condições: a Síria deve colocar imediatamente sob custódia internacional suas armas químicas, aceitar que elas sejam destruídas e entregar os responsáveis pelo ataque químico do dia 21 de agosto para que eles seja julgados pela Corte Penal Internacional de Haia.
Na realidade, a França ainda está hesitante e depende da decisão do Congresso americano sobre os ataques punitivos ao regime de Assad.
Atualmente, só 44 dos 533 membros das duas Casas do Congresso apoiam a ofensiva militar proposta pela Casa Branca, enquanto 120 parlamentares são inteiramente hostis à tal iniciativa.
Alguns observadores pensam que o debate no Congresso poderá estender-se por semanas. No meio tempo, David Cameron, o primeiro-ministro inglês, e Angela Merkel, a chefe do governo alemão, já apoiaram a proposta russa.
Assim, comentadores europeus criticam as hesitações de François Hollande e de Barack Obama, como também o amadorismo da diplomacia francesa e americana, que acabaram deixando Vladimir Putin aparecer como o grande mediador da crise na Síria.
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