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Empresa fatura milhões vendendo passaportes europeus em acordo com governo de Malta

Do UOL, em São Paulo

30/01/2014 13h29Atualizada em 30/01/2014 13h33

Uma empresa britânica está sendo acusada de faturar muito dinheiro em um controverso esquema de venda de passaportes da União Europeia para bilionários e celebridades. As informações são do jornal inglês “The Independent'.

A empresa Henley & Partners, registrada no paraíso fiscal de Jersey, é a principal intermediária do esquema de venda de passaportes criado pelo governo da ilha de Malta.

Os primeiros passaportes devem ser expedidos no mês que vem e darão direito a quem recebê-los de viver em qualquer país da União Europeia e de viajar a 69 países não-membros da UE, incluindo os Estados Unidos, sem precisar de visto.

O governo maltês tem planos de vender um total de 1.800 passaportes e gerar até €1 bilhão (cerca de R$ 3,29 bilhões) em receitas que ajudariam a sanar as dívidas da ilha.

Segundo executivo-chefe da Henley & Partners, Eric Major, a empresa já recebeu “centenas” de pedidos de venda de passaportes, entre eles de um campeão de Fórmula 1, de um cantor pop, de um jogador de futebol sul-americano e de um bilionário chinês.

Vários países europeus, como o Reino Unido e a Áustria, já ofereceram facilidades na obtenção da cidadania para estrangeiros em troca de investimentos. No entanto, Malta é o único país a expedir um passaporte em um curto período de tempo, com requisitos mínimos para alguém se tornar morador da ilha.

O esquema de venda de passaportes tem sido severamente criticado em todo o continente. A comissária de Justiça da União Europeia, Viviane Reding, afirmou que a “cidadania europeia não deve estar à venda”.

Os interessados na obtenção de um passaporte maltês devem se comprometer a “investir” cerca de € 1,15 milhão (cerca de R$ 3,78 milhões) em Malta. Os milionários devem fazer uma doação de € 640 mil (cerca de R$ 2,1 milhões), comprar uma propriedade de no mínimo € 350 mil (cerca de R$ 1,1 milhão) e adquirir papéis do governo no valor de € 150 mil (cerca de R$ 493 mil).

A Henley & Partners, que tem um contrato de 10 anos com o governo maltês, recebe 4% do investimento feito por quem recebe o passaporte. Além disso, a empresa também cobra uma taxa de € 70 mil (cerca de R$ 230 mil) por cliente, mais um adicional para emitir o passaporte para outros membros da família.

Caso o governo rejeite o pedido de cidadania, por qualquer motivo, a  Henley & Partners fica sem receber dinheiro.

Segundo o "Independent", a empresa irá vender diretamente cerca de 10% dos 1.800 passaportes oferecidos pelo governo, o que deve resultar em uma receita de € 64 milhões (cerca de R$ 210,3 milhões).