Turquia: Não dormi lembrando do sangue e dos gritos, diz jornalista
Do UOL, em São Paulo
29/06/2016 15h41Atualizada em 30/06/2016 09h12
O jornalista iraquiano Steven Nabil voltava de sua lua-de-mel, na terça-feira (28), quando foi surpreendido por explosões e tiros no aeroporto internacional de Istambul, o terceiro maior da Europa.
"Os gritos das vítimas e o sangue por toda a parte não nos deixaram dormir", escreveu nesta quarta-feira em seu perfil no Twitter. Ele estava com sua mulher e viajava para Nova York.
O atentado com três homens-bomba deixou ao menos 41 mortos --número que pode subir para 50, segundo o governo turco-- e 239 feridos, de acordo com um balanço divulgado pelo governador da cidade. Não há informações de brasileiros entre as vítimas.
Entre os feridos está a mulher de Nabil. O repórter freelancer contou que ela ficou em um café enquanto ele foi até o terceiro andar do aeroporto para comprar uma pizza.
"Eu ouvi tiros e corri para onde ela estava. Quando desci as escadas, vi o saguão vazio e o terrorista atirando em nossa direção", relatou.
O jornalista lembra que pegou sua mulher nos braços e se escondeu em um armário dentro de um salão de beleza.
"Passamos 45 minutos esperando que a qualquer momento alguém abrisse a porta. Foram os mais longos 45 minutos da minha vida. Estávamos aterrorizados enquanto ele [o terrorista] atirava no lado de fora da loja", escreveu.
"Dentro do armário, eu implorava para minha mulher manter a calma porque o barulho poderia atrair os terroristas".
Ataque terrorista
Três terroristas suicidas armados com fuzis abriram fogo contra passageiros e funcionários da segurança no controle do terminal de chegada de voos internacionais.
Pouco depois, dois deles se explodiram no próprio terminal, e o terceiro no estacionamento.
O aeroporto passou cerca de cinco horas fechado. O aeroporto internacional de Atatürk é o 11º do mundo em fluxo de pessoas, registrando cerca de 60 milhões de passageiros no ano passado.
País é alvo de ataques
A Turquia tem sofrido uma onda de atentados neste ano, incluindo dois ataques suicidas em áreas turísticas de Istambul atribuídos ao Estado Islâmico, e dois carros-bomba na capital, Ancara, que foram reivindicados por um grupo militante curdo.
No ataque mais recente, um carro-bomba destruiu um ônibus da polícia no centro de Istambul durante a hora do rush da manhã, matando 11 pessoas e ferindo outras 36 perto da principal área turística, uma grande universidade e o gabinete do prefeito.
A Turquia, que faz parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado islâmico, também está lutando contra militantes curdos em seu sudeste de maioria curda.