Supostos membros do EI capturados em Mosul são mantidos em celas superlotadas
Centenas de supostos membros do Estado Islâmico capturados pelas forças de segurança iraquianas em Mosul estão sendo mantidos em celas superlotadas nos arredores da cidade.
Repórteres da Associated Press visitaram o local e viram mais de 100 prisioneiros enfiados dentro de uma sala escura, encostados ombro com ombro, sentados no chão. Não havia eletricidade ou ventilação, apesar de a temperatura durante o dia ser acima dos 45ºC.
O oficial iraquiano que supervisiona o local afirmou que ele abriga atualmente 370 prisioneiros. Ele afirmou que as autoridades estão sobrecarregadas com detentos que as forças de segurança foram capturando enquanto iam limpando os diferentes bairros da cidade após nove meses de campanha militar.
"Os prisioneiros estão cheios de doenças, problemas de saúde e de pele, porque não ficam expostos ao sol", disse. "A maioria não pode andar. As pernas estão inchadas porque não conseguem se mexer."
Segundo ele, a saúde dos detentos é averiguada ocasionalmente.
Mais de 1.150 passaram pela prisão nos últimos três meses, com 540 tendo sido levados para Bagdá para mais averiguações, afirmou o oficial.
Outros 2.800 presos estão sendo mantidos na base aérea de Qayara, ao sul de Mosul, e centenas de outros em instalações menores. O oficial falou em anonimato pois não tinha autorização para dar declarações a jornalistas.
O Estado Islâmico capturou Mosul no verão de 2014. Enquanto as forças iraquianas apoiadas pelos EUA batalharam quarteirão por quarteirão para retomar a cidade, extremistas tomaram civis para usá-los como escudo humano. Muitos combatentes também escaparam da cidade mesclando-se entre a população que fugia, complicando os esforços das autoridades de separar quem era terrorista de quem era civil.
Prisioneiros que foram discretamente entrevistados pela AP insistiram que eram inocentes. Eles também falaram anonimamente.
"Você não vai encontrar dez extremistas reais aqui", disse um prisioneiro. "Desde que cheguei há oito meses, só vi o sol uma vez."
Ele disse que era um servidor público e que havia viajado várias vezes entre Mosul e Bagdá até ser detido.
"Eles dizem que meu nome está na base de dados deles. Não vi nenhuma corte ou juiz. Nem sei do que eu sou acusado. Muitos dos nomes são iguais", disse.
Ele afirmou que dois prisioneiros haviam morrido na cela lotada. Alguns "têm pus saindo dos ferimentos. Quando vão para o hospital, voltam sem um braço ou uma perna".
"Eu realmente quero morrer", outro preso disse. "Nenhum de nós recebeu nenhuma visita, nem parentes, nem família. Eles nem sabem onde estamos."
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