Justiça da Espanha ordena prisão de dois líderes separatistas da Catalunha
Do UOL, em São Paulo
16/10/2017 18h17Atualizada em 16/10/2017 20h02
O Tribunal Superior da Espanha informou nesta segunda-feira (16) que determinou que dois líderes de organizações separatistas da Catalunha fossem presos enquanto continuam sendo investigados por suspeita de insubordinação. A Justiça da Espanha também adotou medidas cautelares contra o chefe da polícia da Catalunha, Josep Lluis Trapero, por conta da suposta "inação" da corporação durante o plebiscito separatista de 1º de outubro..
Os promotores alegaram que Jordi Sánchez, chefe da Assembleia Nacional Catalã (ANC), e Jordi Cuixart, chefe da Omnium Cultural, foram fundamentais para planejamento do referendo de independência realizado em 1º de outubro, que o governo espanhol considerou ilegal.
O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, rejeitou a decisão que determinou a prisão dos presidentes das entidadess: "Eles tentam aprisionar ideias, mas fortalecem a necessidade de liberdade", afimou.
A Procuradoria Federal havia pedido a prisão de Trapero, mas a Audiência Nacional, tribunal sediado em Madri, decidiu mantê-lo em liberdade. O major dos Mossos d'Esquadra, nome da força policial catalã, terá apenas de entregar o passaporte e comparecer a uma delegacia a cada 15 dias.
Segundo a Procuradoria, Trapero não obedeceu às ordens da Justiça espanhola para apreender urnas e fechar locais de votação no plebiscito. As ações de repressão acabaram ficando a cargo da Guarda Civil e da Polícia Nacional, que usaram a força para evitar a votação e entraram em confronto com cidadãos, deixando um saldo de 800 feridos.
ANC e Òmnium como atores políticos
A ANC e Òmnium Cultural emergiram como poderosos atores políticos, capazes de mobilizar rapidamente um grande número de pessoas.
A Assembleia Nacional Catalã foi formada em 2011 e conseguiu colocar a tradicional marcha da Diada, o dia da Catalunha, em 11 de setembro de 2012 sob o marco do separatismo. Mais de um milhão de pessoas foram às ruas de Barcelona naquele dia, inaugurando uma série de Diadas marcadas pelo clamor separatista.
Após a Diada de 2012, o então presidente catalão Artur Mas, até esse momento um nacionalista moderado, decidiu convocar eleições regionais antecipadas, com a promessa de celebrar o referendo de autodeterminação pedido pela ANC.
A influência desta associação ficou clara quando sua primeira dirigente, Carme Forcadell, se tornou presidente do Parlamento regional catalão em 2015. Agora, a ANC, presidida por Jordi Sánchez, está presente em toda a Catalunha, com mais de 40.000 membros.
A Òmnium foi criada em 1961 para defender a língua catalã, cujo uso oficial foi proibido pela ditadura de Francisco Franco (1939-1975). Conta com aproximadamente 75.000 membros e é a maior associação cívico-cultural da Catalunha, segundo seu presidente, Jordi Cuixart.
Cuixart afirma que a associação sempre teve "uma relação muito fluida" com os sucessivos governos catalães, e que dialoga com todo o espectro político, desde os socialistas até o partido de extrema-esquerda Candidatura de Unidade Popular (CUP). No entanto, ressalta: "não somos porta-vozes do governo ante a sociedade, nem nos erguemos como porta-vozes da sociedade ante o governo, porque seria demasiado presunçoso".
Tanto Cuixart como Jordi Sánchez são muito ouvidos pelo presidente catalão, Carles Puigdemont. Albert Jaime, da ANC, disse que essa é uma maneira para Puigdemont "escutar as pessoas".
(Com agências internacionais)