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Itália vai às urnas neste domingo, mas pode não escolher o próximo governo

Andreas Solaro/AFP
Imagem: Andreas Solaro/AFP

Do UOL*, em São Paulo

04/03/2018 00h01

Italianos vão às urnas neste domingo (4) para eleger os representantes legislativos do país e, por consequência, o primeiro-ministro. A expectativa, no entanto, é de ingovernabilidade. Isso porque uma nova lei eleitoral aprovada às vésperas do pleito dificulta a formação de uma maioria no Parlamento.  

As eleições acontecem em um período de crise política no país, cinco anos após o pleito de 2013, que apresentava um cenário semelhante de indefinição. O ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, do Partido Democrático (PD), renunciou em dezembro de 2016 ao perder um referendo sobre reforma constitucional. Desde então está no poder o interino Paolo Gentiloni, do mesmo partido.

Após meses de debate, uma nova lei eleitoral foi aprovada em outubro --a chamada "Rosatellum". A lei estimula a formação de coalizões e exige que um partido obtenha 40% dos votos do Parlamento para aprovar uma lei --o que é improvável acontecer. Sem uma maioria formada, é improvável também que o presidente da República nomeie um primeiro-ministro --como rege o sistema político do país.

Pesquisas feitas pelos próprios partidos apontam para a formação de um Parlamento sem maioria, tendo por maior bloco a aliança formada pelo Força Itália, partido de Silvio Berlusconi, com grupos de extrema-direita. Partido anti-establishment, o Movimento 5 Estrelas pode se tornar a maior legenda isolada nas casas - ou seja, sem ser parte de uma coalizão.

Há duas opções caso o cenário da ingovernabilidade se concretize. A primeira delas é a formação de uma grande coalizão entre os partidos, como aconteceu em 2013, que poderia aprovar uma nova lei eleitoral. A outra é a dissolução do Parlamento, feita pelo presidente, e a convocação de novas eleições. A Alemanha passa por uma situação semelhante.

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Mas o resultado só deverá ser divulgado por volta das 12h (horário de Brasília) de segunda-feira (5). Até lá, conheça os principais atores em jogo:

Liga Norte (LN)

De extrema-direita, faz parte da coalizão formada pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e que, enquanto coalizão, lidera as intenções de voto. O discurso xenófobo da LN ganhou adeptos em tempos de crise - um integrante da LN foi responsável por um ataque racista no dia 3 de fevereiro - ele atirou indiscriminadamente contra pessoas negras, deixando 6 feridos. Porém por ser parte de uma coalizão maior, não se sabe quem seria o primeiro-ministro caso de fato obtenha a maioria no Parlamento. Berlusconi está inelegível. 

Movimento Cinco Estrelas (M5S)

Segundo as pesquisas, o jovem partido é o mais votado sozinho - ou seja, sem integrar uma coalizão, o que se recusa a fazer. O M5S é considerado um partido anti-establishment, crítico tanto da gestão do PD quanto da de Silvio Berlusconi. Seu fundador, no entanto, o comediante Beppe Grillo, preferiu não participar da campanha eleitoral e confiou o partido a Luigi Di Maio, de 31 anos.

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Partido Democrático (PD)

No governo nos últimos cinco anos, o partido de centro-esquerda está sofrendo a reação de uma recuperação econômica fraca, após a crise do início da década. O PD apresenta a candidatura de Matteo Renzi, que renunciou em dezembro de 2016 ao perder um referendo sobre reforma constitucional. Agora ele chega às eleições com as piores intenções de voto que já teve.

Livres e Iguais (LeU)

A legenda é uma aliança de esquerda formada por dissidentes do PD e que vem roubando votos do partido de centro-esquerda. Embora não passe dos 10% de intenção de votos na pesquisa, Renzi se mostrou preocupado com a aliança em entrevista dada a agência de notícias Ansa. Nela, Renzi disse que votar na extrema-esquerda pode acabar favorecendo a extrema-direita, ao tirar votos do opositor com maiores chances. 

*(com agências de notícias)