Morte de jovem em 1998 fez EUA desistir de manter militares na fronteira com o México
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quinta-feira (5) que deve enviar entre 2.000 e 4.000 membros da Guarda Nacional à fronteira com o México. Para ele, o "rápido aumento das travessias ilegais" esperado para os próximos meses, entre a primavera e o verão, ameaça "transbordar" o atual patrulhamento das fronteiras.
No entanto, a medida anunciada por Trump tem sido criticada por muitos militares. Isso porque, fuzileiros navais já estiveram patrulhando a fronteira com o México em busca de traficantes de drogas. Essa operação acabou com o assassinato de um adolescente norte-americano.
O incidente ocorreu em 20 de maio de 1997. O jovem Esequiel Hernández, de 18 anos, vivia na pequena cidade de Redford, no Texas, e ganhava a vida cuidado nas cabras da família perto da fronteira com o México. Naquele dia, quatro fuzileiros navais estavam patrulhando a área, escondidos, em busca de contrabandistas.
Hernández costumava carregar consigo um rifle calibre 22 para espantar animais selvagens. De acordo com os militares, o jovem teria disparado dois tiros na direção dos fuzileiros navais, que estavam camuflados e que, provavelmente, não teriam sido vistos pelo rapaz. Poucos minutos depois, o líder da tropa, Clemente Bañuelos, de 22 anos, atirou contra Hernández usando um rifle M16, o matando na hora.
Pela primeira vez, desde 1976, um cidadão dos EUA era morto por um militar em solo norte-americano.
Logo após o incidente, as operações militares na fronteira foram suspensas. O governo norte-americano teve de pagar uma indenização de US$ 1,9 milhão à família de Hernández. Bañuelos acabou nem sendo indiciado criminalmente.
A história de Hernández voltou a ser lembrada nesta semana com o anúncio feito por Trump. Ainda não se sabe se o governo americano pretende usar militares armados para fazer o patrulhamento da fronteira. No entanto, muitos críticos, que se lembram do que aconteceu com Hernández, temem que a região possa ficar mais perigosa.
Uma das vozes contrárias à medida de Trump é a do deputado democrata Beto O'Rourke. Segundo o parlamentar, a história de Hernández é "o que acontece quando se militariza a fronteira".
O presidente insiste na presença da Guarda Nacional e afirmou que os militares ficarão na fronteira até que o país construa um muro.
"A ausência de lei que prossegue na nossa fronteira ao sul é essencialmente incompatível com a segurança e soberania do povo americano", afirma o documento assinado pelo presidente que autorizava a medida.
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