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Tripulação obriga menino com epilepsia e sua família a descerem de avião

Isabelle Kumar/Twitter
Imagem: Isabelle Kumar/Twitter

Do UOL, em São Paulo

26/07/2018 15h34

Funcionários da companhia aérea Emirates forçaram uma família a deixar um voo após constatar que o filho, de 17 anos, tinha epilepsia.

O episódio aconteceu em Dubai na última quarta-feira (25) com a família da jornalista Isabelle Kumar, da rede Euronews. 

Segundo a jornalista publicou nas redes sociais, ela, o marido e os três filhos viajavam da Nova Zelândia para a França, em um voo com escalas na Austrália e em Dubai. No último trecho da viagem, no entanto, após já 14 horas de voo, foram confrontados pela tripulação.

"Nós falamos para a Emirates em todas as etapas que Eli tinha epilepsia, mas quando pedimos por um assento com outro vago ao lado, caso ele tivesse uma convulsão, eles de repente exigiram um certificado médico", disse Kumar à Euronews. 

Kumar ligou para a médica do adolescente e pediu que ela enviasse o certificado por e-mail, o que foi feito. A médica pediu também para falar com os funcionários, mas eles se recusaram a pegar o telefone e disseram que o documento deveria ser mostrado para os funcionários em terra. A tripulação então ameaçou chamar a polícia caso a família não deixasse o avião. 

"As crianças estavam chorando, Eli estava muito estressado, começou a morder o braço, que é como ele lida com estresse", disse Kumar ao jornal The Guardian. A jornalista disse que, embora uma equipe médica do aeroporto tenha constatado que o menino estava bem e em condições de viajar, a companhia aérea demorou horas para chegar a uma solução. 

Os pais e as três crianças apenas conseguiram embarcar em um voo no dia seguinte, para Genebra, na Suíça, e tiveram que pagar 600 euros em passagens de ônibus para Lyon, onde vivem. A Emirates afirmou que irá reembolsar o valor. 

"Obrigada, Emirates, por tirar nossa família de seu voo. Nosso filho tem epilepsia: nós avisamos vocês, viajamos 14 horas de Melbourne, ligamos para o médico e demos esclarecimentos médicos no avião. Ele tem autismo e várias dificuldades de aprendizado. Muito traumático", escreveu a jornalista no Twitter. 

A companhia aérea mais tarde se desculpou pelo inconveniente causado à família. "Situações assim são difíceis para nossa tripulação e, no caso, eles optaram por agir pensando na segurança dos passageiros, assim como por conselho de nossa equipe médica", disse a empresa em comunicado. 

Epilepsia não é impedimento para voos, diz CFM

Em 2016, um caso similar repercutiu nas redes sociais, na Inglaterra. A modelo britânica Helen Stephens foi impedida de embarcar em um voo da EasyJet. Ela havia apresentado uma crise epiléptica alguns minutos antes do embarque, mas já havia recobrado a consciência.

No Brasil, a recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM) para passageiros e tripulantes é de que viagens de avião sejam feitas entre 24 e 48 horas após a última crise.

"A maioria dos epilépticos pode voar seguramente desde que estejam usando a medicação. Aqueles com crises frequentes devem viajar acompanhados e estarem cientes dos fatores desencadeantes que podem ocorrer durante o voo, tais como: fadiga, refeições irregulares, hipóxia e alteração do ritmo circadiano", diz a nota do CFM.