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'Ataque a candidatos colocou a Colômbia em uma guerra que ainda não acabou', diz senadora da Farc

Bruno Aragaki

Do UOL, em São Paulo

06/09/2018 18h24

Em 9 de abril de 1948, Jorge Eliécer Gaitán saía de seu escritório, em Bogotá, quando foi morto com três tiros a queima-roupa. Pré-candidato à presidência pelo Partido Liberal, mais à esquerda, era considerado um dos favoritos: com discurso afiado, reunia multidões ao seu redor e se apresentava como homem do povo.

Sua morte inaugurou um dos capítulos mais tristes da história da Colômbia e da América Latina, conhecido no país como La Violencia: durante cerca de oito anos (para alguns estudiosos, mais), liberais e conservadores entraram em uma espiral de perseguições e assassinatos que acabaram com a vida de mais de cem mil colombianos.

O ataque a candidatos colocou a Colômbia no meio de uma guerra que ainda não acabou

Victoria Sandino, ex-guerrilheira senadora pelo partido da Farc, em entrevista ao UOL

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Jorge Eliécer Gaitán - Reprodução - Reprodução
Gaitán, político colombiano cujo assassinato culminiou na onda de protestos conhecida com "El Bogotazo"
Imagem: Reprodução
Sem garantias de que poderiam participar do jogo político em segurança, uma parcela da sociedade colombiana se radicalizou. Eles haviam sido excluídos do pacto firmado entre liberais e conservadores em 1958 para por fim aos enfrentamentos - o que, ironicamente, deu origem uma nova onda de atentados.

Foi nesse contexto que nasceram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), nos anos 1960.

O grupo só voltou oficialmente à cena política este ano, após o acordo assinado com o ex-presidente Juan Manuel Santos. "É melhor ter as Farc fazendo campanha do que matando", disse o mandatário ao deixar o poder.

El Bogotazo - AP - AP
Registro da destruição provocada durante o "El Bogotazo", onda de protestos que assolou a Colômbia após a morte de Jorge Eliécer Gaitán
Imagem: AP
"Um ataque a um candidato é preocupante e lamentável. Na Colômbia, as mortes começaram com os atentados e chegaram aos eleitores. É um lembrete de que as campanhas eleitorais, em todo o continente, precisam de garantias", disse Sandino.

Estima-se que mais de 200 mil colombianos morreram nos conflitos armados dos últimos 50 anos. Além de Gaitán, o país viu a morte de 5.000 membros do partido de esquerda Unión Patriótica, nos anos 1980, e do presidenciável Luis Carlos Galán em 1989.