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Rompidos há 67 anos, Vaticano e China fecham acordo sobre bispos e acenam reaproximação

18.abr.2018 - Papa Francisco recebe fiéis chineses no Vaticano - AP Photo/Gregorio Borgia
18.abr.2018 - Papa Francisco recebe fiéis chineses no Vaticano Imagem: AP Photo/Gregorio Borgia

Do UOL, em São Paulo

22/09/2018 10h44

Vaticano e a China assinaram um acordo provisório sobre a nomeação de bispos, principal motivo de conflito entre ambas as partes, de acordo com um comunicado divulgado pela Santa Sé neste sábado (22). É um acordo histórico entre os dois Estados, que não têm relações diplomáticas há 67 anos.

O acordo, informou o Vaticano, "trata sobre a nomeação de bispos, um assunto de grande importância para a vida da Igreja (católica), e cria as condições para uma parceria mais ampla em nível bilateral". Os Estados entendem que "este acordo fomente um processo de diálogo institucional frutífero e contribua positivamente para a vida da Igreja Católica na China, para o bem do povo chinês e para a paz no mundo", conclui a nota.

O diretor do escritório de imprensa da Santa Sé, Greg Burke, explicou em breves declarações que "este não é o final do processo, mas o início".

"O objetivo do acordo não é político, mas pastoral, permitindo aos fiéis ter bispos que estejam em comunhão com Roma, mas ao mesmo tempo reconhecidos pelas autoridades chinesas", acrescentou.

Depois do anúncio da assinatura, o Vaticano afirmou, em outro comunicado, que o papa Francisco decidiu reconhecer os sete bispos nomeados sem seu consentimento por Pequim.

O diretor do escritório de imprensa da Santa Sé, Greg Burke, explicou em breves declarações que "este não é o final do processo, mas o início".

"O objetivo do acordo não é político, mas pastoral, permitindo aos fiéis ter bispos que estejam em comunhão com Roma, mas ao mesmo tempo reconhecidos pelas autoridades chinesas", acrescentou.

Já o governo chinês, por meio do Ministério das Relações Exteriores, disse que o acordo é provisório e indicou que os Estados "permanecerão em contato e vão trabalhar para melhorar as relações bilaterais".

O Ministério chinês das Relações Exteriores disse que o acordo foi firmado em Pequim entre os dois chefes negociadores - o subsecretário de Estado da Santa Sé, Antoine Camilleri, e o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Wang Chao.

O Vaticano e a China romperam relações em 1951, dois anos depois da chegada dos comunistas ao poder e após o reconhecimento de Taiwan por parte da Santa Sé. Há décadas, as duas partes se enfrentam por conta da nomeação dos bispos.

Pequim criou a Igreja Católica Patriótica em 1957 para administrar a igreja no país mais populoso do mundo. Isso levou os fiéis a terem de escolher entre seguir a Igreja "patriótica", com bispos nomeados pelas autoridades comunistas, ou a "clandestina", com templos leais à Santa Sé.

Pequim insistiu em que tem o direito de ordenar seus próprios bispos, desafiando um Vaticano que sustenta que as ordenações podem ser feitas apenas com a bênção do papa.

No início do ano, uma fonte ligada às negociações relatou à agência AFP que o acordo incluiria o reconhecimento por parte do Vaticano dos sete bispos escolhidos por Pequim e que nunca foram aceitos pela Santa Sé. Três dos bispos teriam sido excomungados. Em troca desse gesto, Pequim reconheceria a autoridade do papa na Igreja Católica na China, segundo o "The Wall Street Journal".

Um diplomata do Vaticano pediu a dois bispos chineses da Igreja "clandestina", reconhecidos pelo papa, que renunciassem a favor de prelados nomeados por Pequim, entre eles um excomungado pela Santa Sé em 2011.

Taiwan espera manter aliança com o Vaticano

Após o anúncio do acordo sobre as nomeações, o governo de Taiwan afirmou neste sábado que o acordo entre China e Vaticano não fará com que o país perca o seu único aliado diplomático na Europa.

O Ministério taiwanês das Relações Exteriores disse esperar que o novo acordo abra caminho para as liberdades religiosas na China, mas também manifestou sua expectativa de que a Santa Sé se assegure de que os católicos do continente "receberão a devida proteção e não estarão sujeitos à repressão".

*Com AFP e EFE