Índia celebra 150 anos de nascimento de Gandhi e ONU presta homenagem
"Gandhi foi a maior alma que já viveu", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres nesta terça-feira (2), diante do memorial de Raj Ghat, em Nova Déli, onde o líder indiano foi cremado em 1948.
Nesse dia 2 de outubro celebra-se os 150 anos de nascimento de Mahatma Gandhi, e também o dia internacional da não-violência, símbolo de sua luta contra a dominação britânica sobre à Índia.
“Posso apenas esperar que todos os que têm responsabilidade política no mundo consigam ser merecedores de Mahatma Gandhi e consigam entender que eles devem alcançar seus objetivos por meio do diálogo, da não-violência, e de um compromisso firme com a verdade e com o bem-estar de seus povos”, afirmou Guterres.
Segundo o secretário-geral, a filosofia do ativista indiano permanece sendo uma “inspiração”. “Nas Nações Unidas, um mundo livre da violência, e a resolução das diferenças através de meios não violentos, está no centro do nosso trabalho.”
Líder no movimento de Independência da Índia, Gandhi conseguiu enfrentar a violenta dominação do Império britânico através do princípio de não-colaboração, sem violência. O objetivo do método era fazer os agressores perceberem a injustiça que estavam causando e se arrependerem. Por essa ferramenta -- e pelo profundo controle que tinha sobre o povo indiano -- Gandhi obteve concessões do governo imperialista.
Gandhi propôs boicotes aos produtos ingleses, incentivando a população a produzir suas próprias roupas. Outro grande ato político protagonizado por ele foi a "marcha do sal", em março de 1930. Nesse movimento, Gandhi marchou com milhares até o litoral indiano, para que pudessem extrair o próprio sal; antes, todo sal consumido na Índia era de produção exclusiva dos ingleses, sendo cobradas altas taxas pelo produto.
Ao longo das décadas de 30 e 40, a luta por uma Índia unificada e independente abalou-se quando episódios de violência entre muçulmanos e hindus ganharam corpo pelo país. Gandhi repudiou a violência, mas ela alcançou seu ápice com a divisão do país. Na independência, em agosto de 1947, foram criados a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana.
O processo levou a um profunda crise migratória nos dois lados, e os episódios de violência entre indianos e paquistaneses se intensificaram. No dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado a tiros por um Hindu radical que o culpava pelo surgimento do Paquistão. O homem foi depois condenado e executado, embora o último pedido de Gandhi tenha sido justamente a não-punição de seu assassino.
Na cerimônia, em Déli, o líder da ONU disse que o legado de Gandhi ainda inclui a luta pela justiça social. Nesse sentido, Guterres defendeu a promoção de uma globalização mais justa, baseada na dignidade humana, sobretudo porque os países estão “se empenhando para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, garantir igualdade de gênero e não deixar ninguém para trás”.
Controvérsias
Embora Gandhi seja lembrado por sua mensagem de paz, certos traços de sua biografia levantaram controvérsias após sua morte, como supostas declarações racistas em relação aos negros sul-africanos, acusações de machismo e negligência quanto a situação dos dalits -- uma das castas mais desfavorecidas e marginalizadas dentro do hinduísmo.
(*Com informações da Agência ONU)
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