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Procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions renuncia a pedido de Trump

O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, que renunciou nesta quarta (7) - Manuel Balce Ceneta/AP Photo
O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, que renunciou nesta quarta (7) Imagem: Manuel Balce Ceneta/AP Photo

Do UOL, em São Paulo

07/11/2018 18h02

O procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, renunciou nesta quarta-feira (7) a pedido do presidente Donald Trump, após um ano conturbado no cargo. O cargo de procurador-geral nos EUA equivale a um ministro da Justiça brasileiro.

O anúncio foi feito um dia após as eleições de meio de mandato do país, em que o partido Republicano, de Trump, perdeu a maioria na Câmara dos Deputados para os democratas. O novo cenário possibilita a abertura de investigações na casa contra Trump. 

Os deputados podem investigar as finanças pessoais do presidente, assim como suas ligações com a Rússia, algo que já vinha sendo feito pelo promotor especial Robert Mueller e foi o principal ponto de discórdia entre Trump e Sessions nos últimos meses.

Contrariando a Casa Branca, o então procurador-geral se absteve de supervisionar as investigações de Mueller, por estar envolvido no caso. Durante a campanha de Trump, Sessions se encontrou mais de uma vez com o embaixador russo em Washington. 

Trump se enfureceu com a recusa de seu indicado e disse por diversas vezes ter se arrependido de nomeá-lo procurador-geral. Segundo a Reuters, nunca um presidente norte-americano atacou um integrante de sua equipe de forma tão pública como Trump fez com Sessions. 

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Durante entrevista coletiva a jornalistas mais cedo nesta quarta, quando foi perguntado várias vezes sobre a investigação envolvendo a ligação da Rússia nas eleições de 2016, Trum afirmou: "Eu poderia demitir todo mundo agora, mas eu não quero pará-la, porque politicamente eu não quero pará-la. Eu poderia acabar com isso agora. Poderia dizer que a investigação acabou. É uma desgraça. É embaraço para o nosso país".

Além das ameaças de travar o governo, Trump sugeriu que poderia usar a maioria republicana no Senado para conduzir investigações favoráveis à Casa Branca. Segundo ele, não haverá bipartidarismo se os democratas o investigarem. O presidente insistiu que, até agora, nada foi provado sobre o conluio do apoio russo para a sua vitória em 2016. "Quero ver o que eles têm. Eles querem fazer alguma coisa, continuo ouvindo sobre o cansaço das investigações. Eles podem jogar esse jogo, mas podemos jogá-lo melhor", disse.

No Twitter, Trump agradeceu Sessions por seus serviços. Também anunciou que Matthew G. Whitaker, até então chefe de gabinete do procurador-geral, assumiria o posto por ora. Um novo nome será indicado em breve e deverá ser confirmado pelo Senado - que manteve maioria republicana após as eleições desta terça (7). 

Em um artigo de opinião escrito para à rede de televisão CNN em agosto de 2017, Whitaker disse que Mueller "ultrapassaria um limite" caso investigasse as finanças da família Trump. 

Antes de se tornar procurador-geral, Sessions foi senador pelo estado do Alabama e um dos grandes apoiadores de Trump - até integrar o governo e bater de frente com a administração. Segundo o jornal britânico The Guardian, Sessions deixou também como marca de seu trabalho coibir uma onda de violência crescente, além de adotar medidas duras contra imigração ilegal - pautas importantes da agenda conservadora do presidente.