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Confronto entre Israel e Hamas em Gaza tem pior escalada desde guerra de 2014

12.nov.2018 - Explosão em estação de televisão do Hamas al-Aqsa, na Faixa de Gaza - MAHMUD HAMS/AFP
12.nov.2018 - Explosão em estação de televisão do Hamas al-Aqsa, na Faixa de Gaza Imagem: MAHMUD HAMS/AFP

Do UOL, em São Paulo

13/11/2018 11h48

Os confrontos entre palestinos e israelenses atingiram nesta terça-feira (13) sua pior escalada desde 2014, despertando o temor de uma nova guerra. Cerca de seis palestinos já morreram e 25 ficaram feridos em ataques israelenses. Médicos informaram que cerca de 20 israelenses também se feriram e ao menos um morreu.

O conflito se intensificou durante a madrugada, obrigando diversos civis a procurar abrigos subterrâneos do lado israelense. As escolas estão fechadas em várias localidades próximas da fronteira entre os dois territórios por medida de segurança.

A origem dessa escalada parece estar em uma incursão de soldados que terminou mal. O Exército israelense falou de uma operação de Inteligência e negou que se tratasse de uma tentativa de assassinar, ou de capturar palestinos, como alega o Hamas.

Segundo as brigadas Ezzedin al-Qassam, soldados israelenses à paisana avançavam no território de Gaza a bordo de um veículo civil, quando foram parados por uma patrulha no leste de Khan Yunis. Qualquer infiltração israelense no território submetido a um rigoroso bloqueio representa uma missão de alto risco.

O Hamas e outras facções armadas lançaram mais de 400 foguetes e morteiros através da fronteira depois de realizarem um ataque-surpresa de míssil teleguiado contra um ônibus na segunda-feira que feriu um soldado israelense, disseram os militares.

O grupo disse estar retaliando a operação israelense em Gaza que matou um de seus comandantes e seis outros atiradores. Um coronel israelense também morreu no incidente.

O acionamento de sirenes em cidades do sul israelense e no porto de Ashkelon fez os moradores correrem para abrigos antibomba. Várias casas foram atingidas, e os militares disseram que o sistema antifoguetes Domo de Ferro interceptou mais de 100 foguetes e morteiros.

Israel reagiu com dezenas de ataques aéreos contra edifícios de Gaza, incluindo um complexo de inteligência do Hamas e os estúdios da TV Al-Aqsa, cujos funcionários haviam sido alertados previamente pelos militares para se retirarem.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu convocou seu gabinete de segurança nesta terça-feira para debater as próximas ações de Israel, e os militares disseram ter enviado infantaria e reforços blindados para a fronteira de Gaza.

Um comunicado emitido por grupos militantes de Gaza disse que Ashdod, um grande porto israelense, e Beersheba, a maior cidade do sul de Israel, serão os próximos alvos se o Estado judeu não cessar-fogo.

Confronto maior

A escalada ameaça minar os esforços do Egito, do Qatar e da Organização das Nações Unidas (ONU) para mediar um cessar-fogo de longo prazo e impedir mais um conflito de grande escala no enclave empobrecido.

O premiê israelense declarou que "não recuará diante de uma guerra", se ela for necessária, mas buscará evitá-la, "se não for indispensável".

O enviado especial da ONU, Nickolay Mladenov, afirmou, por sua vez, que continua a trabalhar com o Egito para afastar Gaza da "beira do abismo". "A escalada das últimas 24 horas é extremamente perigosa", tuitou, acrescentando que "moderação deve ser demonstrada por todos".

Analistas já temem uma quarta guerra entre o grupo Hamas e Israel em 10 anos. Desde março, quando as tensões começaram a se intensificar entre os dois lados, dois militares israelenses morreram em ataques de Gaza e pelo menos 231 palestinos foram abatidos por tiros israelenses.

(Com AFP, RFI e Reuters)