"O Irã nunca terá uma arma nuclear", diz Trump
Do UOL, em São Paulo
06/01/2020 12h07Atualizada em 06/01/2020 20h21
O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou hoje que "o Irã nunca terá uma arma nuclear". A afirmação foi feita pelo republicano em seu perfil no Twitter.
Após o assassinato do general Qassim Suleimani pelos Estados Unidos na sexta-feira (3), o Irã ameaça recuar no compromisso de abandonar seu programa nuclear. A decisão significará o quinto recuo iraniano, informou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Abbas Mousavi, segundo a agência de notícias AFP.
O acordo nuclear foi assinado em 2015 pelo Irã, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, as principais potências mundiais. Sob Donald Trump, no entanto, os Estados Unidos abandonaram o acordo unilateralmente em 2018.
Hoje, Trump voltou a afirmar que, caso o Irã ataque os Estados Unidos para vingar a morte de Suleimani, os EUA não hesitarão em atacar bens culturais do país. Falando a repórteres a bordo do Air Force One, Trump declarou que os Estados Unidos "têm 52 alvos iranianos, alguns em um nível muito alto e importantes para o Irã e a cultura iraniana"
O chanceler iraniano criticou a ameaça de Trump. "Você já tinha visto um mar de humanidade em sua vida, Trump? Você ainda vai ouvir aos seus conselheiros palhaços na nossa região? E você acredita que pode acabar com a vontade dessa grande nação e seu povo?", disse Javad Zarif também no Twitter.
O que diz o acordo nuclear?
O plano foi construído a duras penas pelo antecessor de Trump, Barack Obama. Na ocasião, Teerã se comprometeu a limitar seu programa nuclear, enquanto a comunidade internacional aliviou as sanções econômicas impostas à república islâmica. Desde então, a resolução funcionou bem, com todos os países envolvidos cumprindo sua parte.
No plano, o Irã se comprometia a reduzir o enriquecimento do urânio a uma porcentagem considerada segura pelos órgãos internacionais, suspendendo as atividades em uma de suas instalações e reduzindo suas reservas de urânio em 98% ao longo de 15 anos.
Além disso, o texto prevê monitoramento pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), da ONU (Organização das Nações Unidas). Em troca, os EUA e países europeus revogaram uma série de sanções econômicas que vinham sendo feitas ao país.
O plano se restringe ao enriquecimento de urânio para fins nucleares, mas não toca em pontos nevrálgicos como mísseis balísticos, grupos terroristas e influência em conflitos de países do Oriente Médio.
No começo da semana —antes do atentado ao general—, o presidente iraniano, Hassan Rohani, pediu aos Estados Unidos que admitissem o erro de terem abandonado o compromisso.
"Eles têm que voltar ao primeiro ponto, quando pisaram nos compromissos, e precisam admitir que erraram sobre a nação iraniana", afirmou Rohani em discurso na cidade de Ardebil.