Fernández pede a renúncia do ministro da Saúde após suposta "fura-fila"
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, pediu a renúncia do ministro da Saúde do país, Ginés González García, após eclodir um escândalo envolvendo a vacinação contra covid-19, em que García supostamente teria facilitado o acesso à vacina a pessoas próximas a ele. As informações são do jornal Clarin.
De acordo com o jornal La Nacion, García teria montado um ponto de vacinação com enfermeiros do hospital Posadas, na província de Buenos Aires, para vacinar "funcionários, legisladores, funcionários públicos e outras personalidades", sem atender a ordem prioritária de vacinação imposta pelo governo argentino, que começou a aplicar a vacina Sputnik V em profissionais da saúde em dezembro, quando as primeiras doses do imunizante vindo da Rússia chegou ao país.
A polêmica, que é descrita pela imprensa argentina como "vacinação VIP", foi trazida à tona hoje após o jornalista Horacio Verbitsky admitir durante programa de rádio que foi vacinado contra o coronavírus graças aos esforços do ministro da Saúde argentino, próximo a ele há anos.
"Disse que queria esperar, mas no final fui vacinado ontem", explicou no programa "Habrá Consecuencias", que é transmitido na rádio El Destape.
Segundo informações do Clarín, além do jornalista, foram vacinados senador Jorge Taiana e o deputado federal Eduardo Valdés, entre outras personalidades que não fazem parte dos grupos prioritários.
O processo de vacinação na Argentina teve como prioridade inicial profissionais da saúde, profissionais na segurança, professores e, agora, grupos de risco, como os idosos.
A imprensa argentina afirma que Carla Vizzotti, atual secretária de Acesso à Saúde, será a substituta de García no Ministério da Saúde do país.
A vacinação na Argentina
O pedido de renúncia vem em meio a uma crise sanitária na Argentina causada pela covid-19. A Argentina iniciou o programa de vacinação no final de dezembro e, segundo dados oficiais, até quarta-feira apenas cerca de 250 mil pessoas haviam tomado duas doses da vacina contra covid-19, em um país com uma população de cerca de 45 milhões de habitantes.
O país iniciou ontem a vacinação de idosos com mais de 70 anos, no mesmo dia em que recebeu as primeiras 580 mil doses da vacina Covishield, produzida pelo Instituto do Soro da Índia.
Até o momento, o país tem 1.800.000 doses de vacinas contra covid-19, contando os quatro voos recebidos com a Sputnik V (incluindo as doses do primeiro componente e aquelas aplicadas 21 dias após a primeira inoculação) e as doses da Covishield (cujo segundo componente é aplicado após quatro semanas, de acordo com o governo) que chegou ontem.
O país já recebeu 1,22 milhão de doses da Sputnik V e 580 mil da Covishield, vacina do Serum Institute of India.
Até o momento, o país sul-americano soma mais de 50 mil mortes causadas pelo vírus desde o início da pandemia e mais de 2 milhões de casos confirmados.
(Com EFE e Reuters)
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