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'É bom senso', diz Trump sobre apoiadores que pediram enforcamento de vice

16.dez.2019 - O presidente americano Donald Trump na Casa Branca, com o vice Mike Pence ao fundo Imagem: Brendan Smialowski/AFP

Colaboração para o UOL

12/11/2021 09h10

O ex-presidente Donald Trump defendeu apoiadores que —durante a invasão ao Capitólio, em janeiro deste ano— sugeriram o enforcamento de seu vice, Mike Pence. "Foi uma questão de bom senso e isso precisa ser defendido", disse Trump.

A informação é do jornal digital Axios, que obteve acesso ao áudio de uma entrevista que o jornalista da ABC Jonathan Karl conduziu com Trump em março. Na conversa, Karl questiona Trump sobre algumas palavras de ordem que seus apoiadores proferiram na manifestação, considerada inconstitucional, na sede do Legislativo norte-americano. A entrevista foi realizada para o próximo livro de Karl, "Betrayal".

"Eles estavam dizendo 'enforque Mike Pence'", diz Karl a Trump. O ex-presidente responde, repetindo as afirmações infundadas de que a eleição presidencial de 2020, que ele perdeu para o presidente Joe Biden, foi fraudada: "É uma questão de bom senso. Como você pode —se você sabe que um voto é fraudulento como você pode certificar um voto fraudulento para o Congresso? Como você pode fazer isso?".

Como vice-presidente, Pence presidia o processo de certificação eleitoral de 2020, em 6 de janeiro. Trump tentou pressionar Pence para não certificá-lo, anulando a vitória de Biden, mas Pence não tinha poderes para fazer isso porque o papel de vice-presidente em certificar os resultados é meramente cerimonial nos EUA. Pence tem defendido sua decisão de não tentar bloquear a certificação de Biden.

Imagens da insurreição de 6 de janeiro mostraram milhares de apoiadores de Trump ao lado de fora do prédio do Capitólio, enquanto outros invadiram os corredores do edifício. Nos arredores da sede, apoiadores de Trump cantavam "Enforque Mike Pence" ao redor de uma forca erguida simbolicamente naquele dia. Trump e Pence devem disputar um contra o outro pela indicação do Partido Republicano em 2024.

A conversa

  • Jonathan Karl: Você estava preocupado com ele [Pence] durante aquele cerco? Você estava preocupado com a segurança dele?
  • Donald Trump: Não, eu pensei que ele estava bem protegido, e ouvi dizer que ele estava em boa forma.
  • Karl: Você ouviu aqueles gritos --foi terrível.
  • Trump: Ele poderia --veja, as pessoas estavam muito zangadas.
  • Karl: Eles estavam dizendo "enforque Mike Pence".
  • Trump: "É uma questão de bom senso, Jon. Isso precisa ser defendido. Se você sabe que um voto é fraudulento... Como você pode certificar um voto fraudulento para o Congresso? E eu estou lhe dizendo: 50/50, é bem no meio para os principais estudiosos constitucionais quando eu falo com eles. Qualquer pessoa com quem falei --pelo menos quase todos concordam, e alguns concordam muito comigo-- porque ele estava certificando um voto que ele sabia que era fraudulento. Como você pode aprovar um voto que você sabe que é fraudulento? Agora, quando falei com ele, realmente falei sobre todas as coisas fraudulentas que aconteceram durante a eleição. Eu não falei sobre o ponto principal, que é o legislativo não ter aprovado --cinco Estados. O Legislativo não aprovou todas aquelas mudanças que fizeram a diferença entre uma vitória muito fácil para mim nos Estados.

Voto via Correio foi estopim

À medida que a pandemia de coronavírus forçava milhões de norte-americanos a votarem pelo correio no ano passado, Trump trabalhava para semear dúvidas sobre a integridade das eleições nos EUA, alegando que o sistema era fraudulento. Pelas redes sociais, ele compartilhou teorias da conspirações sobre cédulas enviadas pelo correio sendo alteradas.

Ele também destacou relatos factuais, mas isolados, de cédulas perdidas ou descartadas, alegando que esses eventos eram sintomáticos de uma tentativa de golpe financiada pelo Partido Democrata.

Em setembro de 2020, Trump divulgou imagens de caixas com cédulas encontradas descartadas numa rodovia na Pensilvânia, alegando que eram evidências de que opositores tentavam "roubar" a eleição dele. Segundo a agência Lupa, a informação é falsa. A imagem, segundo a checagem, era de setembro de 2018 e tratava-se de correspondências que foram encontradas despejadas no chão por um funcionário dos correios em Nova Jersey. Portanto, não há nenhuma relação com as eleições presidenciais norte-americanas de 2020.

A campanha de reeleição de Trump e o Comitê Nacional Republicano também contestaram os esforços dos Estados para expandir a votação por correspondência. Pensilvânia, Iowa, Nevada, Nova Jersey e Montana são apenas alguns dos Estados em que os advogados de Trump foram aos tribunais para tentar impedir a expansão da votação por correspondência. Seus argumentos muitas vezes se resumiam às mesmas alegações de fraude que o próprio Trump fazia. Como resultado, todos os processos foram arquivados por juízes nos níveis estadual e federal.

A disposição do presidente de minar a integridade do voto individual remonta a 2016, durante sua primeira campanha para presidente. À época, Trump ampliou e espalhou falsas alegações de que a eleição seria "fraudada" em favor da democrata Hillary Clinton. Naquela época, Trump dizia que imigrantes ilegais, de alguma forma, dariam milhões de votos ilegais para Clinton.

Mesmo depois de Trump ganhar a contagem do Colégio Eleitoral em novembro de 2016, ele continuou a insistir que a eleição havia sido marcada por fraude. "Além de ganhar o Colégio Eleitoral de forma esmagadora, ganhei o voto popular se você deduzir os milhões de pessoas que votaram ilegalmente", Trump tuitou no final de novembro de 2016. Nos últimos quatro anos, verificadores de fatos profissionais têm regularmente refutado as alegações de Trump sobre eleições fraudulentas.

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