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Atentado contra mesquita no Paquistão deixa 56 mortos e 200 feridos

(04.mar.2022) Vista geral de sala de oração em mesquita após atentado suicida no Paquistão  - Fayaz Aziz/Reuters
(04.mar.2022) Vista geral de sala de oração em mesquita após atentado suicida no Paquistão Imagem: Fayaz Aziz/Reuters

Do UOL, em São Paulo*

04/03/2022 10h52Atualizada em 04/03/2022 10h57

Um atentado suicida em uma mesquita xiita deixou pelo menos 56 mortos e quase 200 feridos na cidade de Peshawar, no noroeste do Paquistão, durante a Jummah, oração de sexta-feira, dia de reunião para os muçulmanos.

A explosão aconteceu poucos minutos antes do início da oração no centro religioso, localizado perto do histórico bazar de Qissa Khwani. Até o momento, nenhum grupo reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

O comandante da polícia de Peshawar, Muhamad Ijaz Khan, afirmou que o número de vítimas ainda deve aumentar, segundo a AFP, já que muitos dos feridos estão em estado crítico.

"Dois criminosos atiraram contra os policiais na entrada principal da mesquita. Um policial morreu na hora e outro ficou gravemente ferido", disse a autoridade em entrevista à agência.

Testemunha do atentado, um homem identificado como Ali Asghar disse que viu o momento em que um homem "atirou com uma pistola" dentro da mesquita, matando as pessoas "uma a uma" antes de "detonar a carga explosiva".

explosão mesquita - Khuram Parvez/Reuters - Khuram Parvez/Reuters
Civis ajudam no socorro a um ferido depois da explosão em mesquita de Peshawar, no Paquistão
Imagem: Khuram Parvez/Reuters

O porta-voz do hospital Lady Reading afirmou que os centros médicos declararam estado de emergência após o ataque. Já o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, condenou o atentado com veemência, afirmou um porta-voz.

Maior atentado contra minoria xiita "em anos"

O ataque de hoje é o maior dos últimos anos contra a minoria xiita do Paquistão, que há muito tempo é alvo de militantes islâmicos sunitas, incluindo o Estado Islâmico e o Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP), também conhecido como o Taliban paquistanês.

O grupo muçulmano foi alvo de atentados diários durante a primeira metade da década de 2010, mas nos últimos anos a segurança melhorou consideravelmente. O último ataque do tipo havia acontecido em novembro de 2018, quando 31 pessoas morreram em um atentado suicida em um mercado da cidade.

O Paquistão enfrenta há muitos anos o retorno do TTP, os talibãs paquistaneses, que foi estimulado pela chegada ao poder dos talibãs no Afeganistão, em agosto do ano passado. Apesar de serem grupos diferentes, ambos tem raízes em comum.

Um dos atentados mais violentos cometidos pelo TTP foi o massacre de 150 pessoas, em sua maioria estudantes, em Peshawar em dezembro de 2014.

Os xiitas do Paquistão também já foram alvos do grupo Estado Islâmico (EI). O braço local, Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), reivindicou a autoria de vários atentados no país nos últimos anos.

Os sunitas representam entre 86 e 90% dos muçulmanos de todo o mundo. Praticantes deste ramo da religião, em geral, se consideram parte do grupo mais ortodoxo e tradicional do Islã.

Essa ideia tem ligação com o fato de que a palavra "sunitas" vem da expressão "Ahl al-Sunna", "o povo da tradição", em tradução livre, venerando todos os profetas mencionados no Corão, mas principalmente Maomé, o profeta supremo.

Já os xiitas começaram sua prática por meio de uma facção política: "Shiat Ali", ou o partido de Ali, genro de Maomé. Este ramo da religião reivindica o direto dele e de seus descendentes de liderar os muçulmanos.

No Oriente Médio, o principal representante da vertente sunita é a Arábia Saudita, enquanto o Irã, o Iraque e o Bahrein são majoritariamente xiitas.

* Com informações de AFP e Reuters