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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Marco Antonio Villa: Boris recorrer a Bolsonaro na guerra é ingenuidade

Colaboração para o UOL, em Maceió

07/03/2022 13h19

A tentativa do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, de ter o presidente Jair Bolsonaro (PL) como mediador de um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia demonstra a "tremenda ingenuidade" do premiê britânico, na avaliação do historiador e colunista do UOL Marco Antonio Villa.

Durante o UOL News, Villa avaliou que, embora o Brasil seja um país economicamente importante, Bolsonaro não seria a pessoa mais indicada para auxiliar no conflito armado entre os dois países. A tentativa de Johnson de recorrer ao mandatário brasileiro para fazer a ponte entre o Reino Unido e o presidente russo, Vladimir Putin, seria um exemplo do desconhecimento que o premiê teria das relações internacionais.

"Boris Johnson não é alguém que se destaca nas relações internacionais. Ele é um primeiro-ministro, é uma figura até meio engraçada, meio patética, frente a outros primeiros-ministros que a Inglaterra teve ao longo da sua história. Agora, a questão que se coloca é: 'ele tentou?' Não sei, porque não há uma justificativa, achando que Bolsonaro poderia ser uma espécie de intermediário, de uma proposta do Reino Unido para cessar-fogo mais rapidamente, se ele tivesse condições, presumo eu, de falar com o Putin, algo que não tem, o que mostra a inépcia, o desconhecimento de Boris Johnson das relações internacionais, do papel de Bolsonaro e do conhecimento da Rússia", declarou.

Para Villa, ao recorrer a Jair Bolsonaro para atuar como mediador, Boris Johnson escancara que os contatos do Partido Conservador britânico "devem ser muito precários", porque contatar o mandatário brasileiro "achando que ele poderia, eventualmente, ser intermediário numa proposta de cessar-fogo, é uma tremenda ingenuidade de alguém que não tem o mínimo conhecimento do que está acontecendo na Europa".

Marco Antonio Villa pontuou, ainda, o posicionamento dúbio do Brasil em meio à guerra: de um lado, o Ministério das Relações Exteriores tem se posicionado mais ao lado da Ucrânia em declarações na ONU (Organização da Nações Unidas), enquanto Bolsonaro prega "neutralidade".

Em seu décimo segundo dia, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia parece estar longe do fim. Conforme pontuou Villa no UOL News, ao contrário do que "muitos imaginaram", este não é um confronto "de pouca duração", além do fato de que, a depender das declarações dadas por Putin, a guerra deve se prolongar, com possíveis "cenas tenebrosas", pois o mandatário russo "está sendo derrotado", e aquele que perde um confronto, em meio ao seu "desespero" pode fazer investidas capazes de gerar um grande número de mortos.

Villa também classificou como "intolerável" a proposta de Vladimir Putin de que os corredores humanitários para evacuar civis ucranianos tenham como destino a Rússia ou o Belarus, ditadura aliada ao Kremlin.

Por fim, o historiador destacou que a somatória desse cenário demonstra que a Europa "está absolutamente sem liderança", enquanto os Estados Unidos vivem uma "crise internacional", e a China, segunda maior potência mundial, encara um teste diplomático.

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