Calor recorde, ciclone, enchente: mundo encara eventos climáticos extremos
Do UOL, em São Paulo*
16/07/2023 14h23Atualizada em 16/07/2023 20h28
Países ao redor do mundo têm enfrentado eventos meteorológicos extremos, impulsionados principalmente pelas mudanças climáticas. Os fenômenos incluem desde o ciclone que atingiu o sul do Brasil até a onda de calor nos Estados Unidos e na Europa, além das chuvas torrenciais que provocam inundações na Ásia.
Ciclones extratropicais no Brasil
Em menos de um mês, três ciclones extratropicais atingiram o Brasil. No Rio Grande do Sul, moradores de pelo menos 52 cidades ainda contabilizam os estragos após a passagem do último ciclone. Um homem de 68 anos morreu em Rio Grande e mais de 17 mil pessoas foram afetadas pelo fenômeno.
Houve ainda duas mortes associadas ao último ciclone em São Paulo. Em São José dos Campos, no interior, uma mulher de 24 anos morreu após ser atingida por uma árvore enquanto dirigia o carro de uma autoescola. Em Itanhaém, no litoral, uma idosa de 80 anos foi vítima de choque elétrico.
Fenômeno provocou ventos de mais de 150 km/h. A passagem do ciclone ainda trouxe chuvas volumosas, queda de granizo e inundações no Sudeste e principalmente no Sul do Brasil.
Especialista diz que ciclone se formou em cima do continente. Marcelo Seluchi, meteorologista do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), explicou à Deutsche Welle que os ciclones "tendem a se formar sobre o oceano", mas este último se desenvolveu em cima do continente. "Foi uma particularidade", disse.
Calor no Hemisfério Norte
Onda de calor atinge Estados Unidos, Europa e Ásia. Dezenas de milhões de pessoas enfrentam nesta semana temperaturas extremas em em vários países do Hemisfério Norte. A previsão é de novos recordes de calor nos EUA, na Europa e na Ásia, em mais uma demonstração das consequências das mudanças climáticas.
Temperatura bateu 51ºC na Califórnia e ainda pode subir. Na região do Vale da Morte, os termômetros chegaram a 51°C no sábado (15). A previsão para este domingo (16) é de 54ºC. O sul do estado americano também é cenário de incêndios que já destruíram mais de 1.200 hectares.
Itália tem 16 cidades em alerta vermelho neste domingo. A previsão é de que a temperatura chegue a 37ºC em algumas cidades. Apesar do calor, quase 15 mil peregrinos e turistas compareceram à Praça de São Pedro para ouvir a bênção do Papa Francisco, segundo o Vaticano.
Calor extremo na Espanha provocou incêndios nas Ilhas Canárias. As temperaturas recordes trouxeram graves consequências a La Palma, nas Ilhas Canárias, onde um incêndio queimou 5.000 hectares e obrigou 4.000 moradores a deixarem suas casas. No fim de 2021, a ilha já havia sido devastada após a erupção de um vulcão.
Sinto impotência ao ver duas cidades completamente evacuadas, ao saber que há pessoas que perderam tudo para o vulcão e reconstruíram suas vidas, mas agora novamente tiveram que abandonar suas casas e correm o risco de perder tudo de novo.
Patricia Sánchez, da Cruz Vermelha espanhola, à AFP
Chuvas torrenciais na Ásia
Ásia enfrenta o pior momento da temporada de monções de verão. O calor extremo se une às tempestades, que inundam ruas e deixam mortos e desaparecidos em países como Coreia do Sul e China.
Coreia do Sul soma ao menos 37 mortes causadas pelas fortes chuvas. Ainda há desaparecidos, segundo os serviços de emergência locais. Hoje, as equipes de resgate retiraram os corpos de nove pessoas de um túnel que foi inundado após o rompimento de uma barragem. Cerca de 15 veículos, entre eles um ônibus, ficaram presos.
Autoridades do Japão emitiram alertas para o risco de insolação. Em 20 das 47 cidades as temperaturas devem se aproximar dos 40ºC. Em Tóquio, onde os termômetros bateram 36ºC, "o simples fato de passear cansa", comentou à AFP Coline Grison, uma turista francesa de 24 anos.
Termômetros podem chegar a 45ºC em Xinjiang, na China. O governo chinês também emitiu vários alertas para temperaturas elevadas. Na região de Guangxi, no sul do país, a previsão é de calor de 39ºC.
Como está calor, temos que nos acostumar com a ideia de ficar dentro de casa o máximo possível. Parece que cada vez que visitamos um lugar, ou há uma onda de calor ou um desastre natural.
Anthony Fernández, turista dos EUA no Japão, à AFP
(*Com AFP e Deutsche Welle)