Conteúdo publicado há 10 meses

Ciclone deixa cinco mortos e 433 desalojados; ventos chegam a 157 km/h

Cinco pessoas morreram em consequência do ciclone extratropical que atinge o Sul e o Sudeste do Brasil desde a última terça-feira (11). Dezenas ficaram feridas, e pelo menos 425 estão desabrigadas e 433 ficaram desalojados no Rio Grande do Sul.

O que aconteceu:

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou na tarde de hoje uma nova morte, em Lajeado. O catador Danilo Silva morreu após uma árvore cair sobre sua residência.

Um idoso morreu após sua casa ser atingida por uma árvore em Rio Grande (RS) na quinta-feira (13).

Em Santa Catarina, um homem de 40 anos morreu após ser atingido por uma árvore em Brusque, no Vale do Itajaí. Segundo os Bombeiros, ele fazia a manutenção de uma rede telefônica por volta das 12h10 de ontem quando foi atingido pela árvore e, em seguida, caiu de uma altura de 3 metros.

Uma mulher morreu atingida por um tronco de árvore em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

E uma outra vítima foi eletrocutada em Itanhaém, no litoral de SP, após fios elétricos serem derrubados pela queda de galhos.

RS alerta para inundações pós-chuvas; ciclone afeta milhares

Defesa Civil gaúcha emitiu alerta de inundações para todo o estado para cheias de rios. Segundo o subchefe do órgão, Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira, os rios afetados pelos grandes volumes de chuva podem transbordar para além das calhas nas próximas 24 horas.

Órgão gaúcho informou que ao menos 425 pessoas ficaram desalojadas e outras 433 ficaram desabrigadas.

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Uma pessoa desalojada precisa deixar sua casa, apela a Defesa Civil. Quem está desabrigado, além de ter perdido ou ser obrigado a sair de casa, precisa recorrer a abrigos providos pelo governo.

No Rio Grande do Sul, 29 pessoas ficaram feridas por conta dos efeitos do ciclone. Em Santa Catarina, duas mulheres foram pisoteadas após a parede de uma empresa ser derrubada pelo vento.

A ventania também deixou mais de um milhão de pessoas sem energia elétrica no RS, segundo a Folha de S.Paulo. Em comunicado na tarde de ontem, a Equatorial Energia, responsável por parte do fornecimento no estado, afirmou que 695 mil clientes estavam sem energia.

De acordo com a Metsul Meteorologia, as rajadas de vento mais fortes aconteceram em Siderópolis, Santa Catarina, onde chegaram a 157 km/h, e em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, onde atingiram 151 km/h.

Portos, aeroportos e estradas

No Porto de Santos, embarcações ficaram impedidas de entrar e sair
No Porto de Santos, embarcações ficaram impedidas de entrar e sair Imagem: MARCIO RIBEIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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O ciclone impactou ainda o funcionamento de portos e aeroportos no Sul e Sudeste do Brasil. O porto de Santos, o maior do país, ficou fechado durante cinco horas na manhã de ontem, e navios ficaram impedidos de entrar ou sair.

No Paraná, os portos de Paranaguá e Antonina reduziram suas operações em função dos ventos, mas continuaram funcionando.

Três voos tiveram que arremeter no Aeroporto de Guarulhos e outros seis no Aeroporto de Congonhas, ambos em São Paulo. Além disso, pelo menos 11 voos foram cancelados.

Algumas estradas foram bloqueadas ou parcialmente interditadas por conta da queda de árvores, excesso de granizo na pista, formação de buracos, enxurradas e risco de deslizamentos.

Na Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, veículos tiveram que parar e caminhões balançaram devido às rajadas de vento.

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O trem de passageiros que faz o trajeto de Curitiba a Morretes, no Paraná, ficou 10 horas parado ontem após árvores caírem sobre a linha férrea.

Previsão para os próximos dias

A Metsul afirma que "o pior já passou" com relação ao ciclone no Sul do país, mas alerta que ainda é preciso atenção pois os danos provocados pelo vento deixaram muitas áreas de instabilidade e estruturas comprometidas.

A Defesa Civil de Santa Catarina aponta que hoje o mar continuará agitado em função da passagem do ciclone. Segundo o órgão, o risco de ocorrências associadas à ressaca é moderado a alto.

A Defesa Civil de São Paulo também afirmou que com o deslocamento do ciclone extratropical em sentido ao oceano a tendência para esta sexta é que os ventos diminuam. No entanto, uma frente fria deve trazer chuva para o norte do estado.

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No Rio de Janeiro, impactos devem ser sentidos ao longo do final de semana. "Os ventos vão acelerar a partir de quinta e a ventania pode chegar a 90 km/h nas regiões da Costa Verde, Médio Paraíba, Centro-sul Fluminense e na Região Serrana do estado", diz a Climatempo.

No Centro-Oeste, em especial no Mato Grosso do Sul, depois de dias de calor intenso, a chegada da frente fria provoca chuva, ventos mais fortes e queda na temperatura. "Os ventos ganharão força e o sul do estado ficará em alerta, com rajadas podendo alcançar os 70km/h", diz a empresa de meteorologia.

Orientações

A orientação das Defesas Civis é de que a população das áreas de maior índice de chuva e vento forte permaneça em casa, se possível. Quem vive em locais de risco de desabamentos e/ou alagamentos deve procurar pelos abrigos públicos oferecidos pelas prefeituras.

A população deve evitar também procurar abrigo e/ou estacionar veículos abaixo de árvores. Em caso de emergência, deve-se acionar o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193.

O que é um ciclone extratropical?

Um ciclone é um sistema que tem baixa pressão atmosférica em seu centro, com os ventos soprando para dentro. No Hemisfério Sul, o vento gira no sentido horário.

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Um ciclone extratropical é encontrado nas médias e altas latitudes e está associado a frentes frias. Sua formação é comum no Oceano Atlântico, principalmente perto do polo sul. O formato em espiral, em que o centro tem baixa temperatura, favorece a formação de chuvas e ventos fortes.

Quanto mais perto da costa um ciclone é formado, mais os efeitos são sentidos pelas pessoas no continente. Os ciclones extratropicais que afetam o Brasil se formam principalmente na região entre o Rio Grande do Sul, a Argentina e o Uruguai.

*Com Estadão Conteúdo

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