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Empresa é processada por visar lucro e atrasar remédio promissor contra HIV

A Gilead Sciences priorizou o lucro em vez do bem-estar dos pacientes que faziam uso de seus medicamentos, segundo a denúncia Imagem: iStock

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/07/2023 15h18

A Gilead Sciences, uma das maiores farmacêuticas do mundo, está sendo processada por cerca de 26 mil pessoas nos Estados Unidos, sob a acusação de ter atrasado propositalmente o lançamento de um remédio promissor no combate ao HIV para priorizar os lucros. As informações são do The New York Times.

O que aconteceu:

Em 2004, a farmacêutica teria interrompido a produção de um novo medicamento de combate ao vírus sob a alegação de que sua eficácia não era muito diferente de um produto já existente no mercado, cuja patente era da própria empresa e demoraria a expirar.

Por trás da justificativa da Gilead, entretanto, havia um plano para maximizar os lucros da empresa. Conforme a denúncia, a companhia quis manipular o sistema de patente dos Estados Unidos a fim de proteger monopólios lucrativos em medicamentos mais vendidos.

Naquela ano, a Gilead era a responsável por dois dos principais tratamentos de combate ao HIV, baseados numa versão do tenofovir. Os executivos sabiam que o novo medicamento tinha o potencial de ser menos tóxico para os rins e ossos dos pacientes, em comparação com aquele já disponível no mercado.

Entretanto, com receio de que o novo remédio fosse competir com o tenofovir, a Gilead atrasou em anos o lançamento do produto.

A ideia teria sido a de atrasar o lançamento até pouco antes do vencimento das patentes dos fármacos já disponíveis no mercado. Assim, a Gilead poderia mudar os pacientes para o novo produto pouco antes que fármaco genéricos fossem lançados no mercado.

O novo tratamento só foi divulgado em 2015, quase uma década depois em que sua produção foi paralisada. As patentes desse produto valem até 2031.

Denúncia destaca exposição a riscos desnecessários

Pelo lançamento atrasado de forma supostamente proposital, cerca de 26 mil pacientes que tomaram medicamentos mais antigos da Gilead acionaram a Justiça contra a empresa, sob a alegação de que foram expostos de forma desnecessária pela companhia a problemas renais e ósseos.

No processo, os advogados da Gilead negaram as acusações, classificadas como "infundadas". A defesa refutou que a empresa tenha parado propositalmente a produção do remédio para aumentar os lucros com patentes. Eles apresentaram um memorando interno de 2004 que estimava que a farmacêutica poderia aumentar sua receita em US$ 1 bilhão ao longo de seis anos se lançasse a nova versão em 2008.

Se a Gilead tivesse dado continuidade ao desenvolvimento do medicamento em 2004, as patentes do fármaco considerado promissor já teriam expirado ou estariam próximas de expirar. Com o atraso, a empresa tem mais alguns anos de exclusividade sobre o produto, impedindo que medicamentos genéricos sejam comercializados.

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