Topo

Venda de órgãos e tarô: quem é Javier Milei, mais votado na Argentina

Do UOL, em São Paulo

14/08/2023 12h05Atualizada em 14/08/2023 13h21

Novato na política, o economista de extrema direita Javier Gerardo Milei, 52, do partido Liberdade Avança, venceu as eleições primárias realizadas ontem na Argentina com o discurso de que os políticos devem ser "chutados na bunda". As primárias são uma votação obrigatória para definir os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais, marcadas para 22 de outubro.

Quem é Javier Milei

Ele se declara "anarcocapitalista" e quer dolarizar a economia. Economista formado pela Universidade de Belgrano com dois mestrados na área, ele atuou em consultorias, bancos e grupos de políticas econômicas. O candidato quer abandonar o desvalorizado peso argentino, diz que vai "dinamitar" o Banco Central e defende a privatização dos sistemas de saúde e educação e a redução da máquina pública.

Ficou conhecido por causa das participações em talk shows e é deputado na câmara baixa do Congresso desde 2021. Em 2017, lançou um programa de rádio batizado de "Derrubando Mitos" e começou a participar de programas do horário nobre da TV. Nas redes sociais, tem milhões de seguidores — só no Instagram são 2 milhões. Ele rifou seu salário como deputado, em um gesto de desprezo com os benefícios dos políticos.

Milei quer tornar mais fácil a posse de armas de fogo e levantou a venda de órgãos como "mais um mercado". Para ele, se trata de uma transação comercial entre pessoas adultas na qual o Estado não deve interferir. Dias depois, ao ser questionado sobre a venda de crianças, respondeu: "Se eu tivesse um filho, não o venderia. A resposta depende de quais termos você está pensando, talvez daqui a 200 anos isso possa ser debatido".

É admirador dos ex-presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro. Amigo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ligou para Bolsonaro quando ele foi derrotado por Lula (PT) nas eleições do ano passado para "felicitá-lo pelo excelente resultado" e não parabenizou o petista "muito menos o povo brasileiro", segundo reportagem da revista Piauí.

Ele já chamou as mudanças climáticas de "farsas da esquerda". É a favor do casamento gay, contra o aborto — prática legalizada na Argentina em 2020 — e classifica a educação sexual como uma manobra para destruir a família.

Eduardo Bolsonaro posa com Javier Milei, candidato à presidência da Argentina Imagem: Reprodução/Twitter

Milei cresceu em um lar violento e sofreu bullying na escola, onde ganhou o apelido de "o louco". Nascido em Buenos Aires e filho de um motorista de ônibus que acabou sendo empresário do transporte e de uma dona de casa, costumava dizer que os pais "estavam mortos" e o contato só foi retomado na pandemia. Durante a adolescência, foi goleiro do Chacaritas Juniors, teve uma banda cover dos Rolling Stones e adotou o cabelo despenteado — diz não se pentear desde os 13 anos.

Ele recorre à leitura de tarô da irmã, Karina, para avaliar em quem pode confiar, segundo o jornal La Nación. Figura mais próxima do candidato, ela coordena a campanha presidencial e é chamada de "o chefe" — no masculino — pelo irmão.

Solteiro, o candidato tem cinco cachorros que chama de "filhos de quatro patas". Eles são da raça mastiff e se chamam Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas. O biógrafo não autorizado do candidato, Juan Luis González, diz que Milei estuda telepatia e tem um meio para se comunicar com o mais velho de seus cachorros, morto em 2017, a quem pede conselhos. "O que eu faço dentro de casa é problema meu", respondeu ele em entrevista ao jornal El País.

Ao celebrar sua vitória, Milei prometeu pôr "fim à casta política parasita, corrupta e inútil" do país. "Hoje demos o primeiro passo para a reconstrução da Argentina", disse. "Uma Argentina diferente é impossível com as mesmas pessoas de sempre", acrescentou.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Venda de órgãos e tarô: quem é Javier Milei, mais votado na Argentina - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Internacional