A Palestina tem um exército? Como território se defende de ataques armados
Embora controle a Faixa de Gaza, epicentro do conflito armado com Israel e local vivem muitos palestinos, o grupo radical islâmico Hamas não deve ser confundido com a ANP (Autoridade Nacional Palestina), representação oficial desse povo
Como a Palestina não é propriamente um país, é natural questionar: em uma guerra como a que está em curso desde o último dia 7, como sua população pode se defender dos ataques?
Veja a seguir se os palestinos têm um exército e armamento próprios.
Um povo, dois 'governos'
O território palestino reconhecido por grande parte da comunidade internacional é composto pela Faixa de Gaza e pela Cisjordânia.
Os dois territórios são "governados" por grupos diferentes. Gaza, desde 2007, é controlada pelo Hamas. Já a Cisjordânia é administrada pela ANP, que é reconhecida internacionalmente como representante dos palestinos.
Ficou definido no Acordo de Oslo, em 1993, que a ANP não teria Forças Armadas.
Portanto, na Cisjordânia o que há são forças policiais internas, que fazem a defesa do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, e de outras autoridades palestinas em parceria com o Exército de Israel.
Não há oficialmente o quantitativo dessas forças de segurança sob controle da ANP.
A Cisjordânia foi ocupada por Israel em 1967.
Portanto, a defesa do território da Cisjordânia é feita por Israel, com ajuda das forças de segurança da Autoridade Nacional Palestina.
Hamas e Faixa de Gaza
No caso da Faixa de Gaza, quem faz a defesa do território é o grupo extremista Hamas, que conta com um braço armado - o mesmo que iniciou os ataques terroristas contra Israel e que, antes da guerra, era formado por cerca de 40 mil integrantes.
Os armamentos usados pelo Hamas, segundo organismos internacionais, são construídos em Gaza e também são adquiridos de forma clandestina, já que Israel faz um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo no território. Ou seja, oficialmente, só entram ou saem produtos com permissão do país judeu.
Presidente da ANP defende Palestina sem Exército
Atual presidente da ANP, Mahmoud Abbas defende publicamente que o futuro Estado da Palestina, objetivo principal do grupo, não tenha exército. Na visão do político, a Palestina deveria continuar tendo forças policiais para controle interno.
"Pelos primeiros cinco anos, Israel poderia manter as suas tropas no Vale do Rio Jordão e em outras partes da Cisjordânia. Desta forma, não haveria o risco de este território palestino se transformar em uma nova Faixa de Gaza, com foguetes sendo lançados contra Israel", disse Abbas em entrevista publicada em 2014 pelo jornal "The New York Times".
Dessa forma, defendeu na época o líder palestino, o aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv, em Israel, também estaria protegido.
"Em um segundo momento, depois de uma transição, forças da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] lideradas pelos EUA permaneceriam indefinidamente no lugar dos israelenses. Não haveria um Exército palestino. A Palestina possuiria apenas uma força policial para garantir a segurança interna", acrescentou Abbas na ocasião.