Como Israel pretende destruir túneis do Hamas e por que isso é enorme risco
Colaboração para o UOL
30/10/2023 14h48Atualizada em 31/10/2023 09h34
Ontem (26), Israel realizou uma pequena incursão terrestre na Faixa de Gaza, dando início a um novo momento da Guerra contra o Hamas. A ofensiva israelita inclui planos de destruir a rede de túneis subterrâneos do grupo extremista, mas a tarefa não seria nada simples e preocupa amigos e parentes dos cerca de 200 reféns que, estima-se, estão em poder do Hamas.
A suspeita é de que muitos desses reféns, se não forem todos eles, estão mantidos justamente dentro desses túneis.
O que se sabe sobre os túneis do Hamas
Segundo a agências de notícias "RFI", a suspeita é de que os túneis na Faixa de Gaza tenham cerca de 500 quilômetros - quase dez vezes a largura do enclave -, profundidade de até 70 metros e dois andares. Os túneis são conhecidos pelas forças de segurança de Israel como "metrô de Gaza".
Os túneis começaram a ser construídos em 1981, segundo o jornal "The Economist". A partir de 2001, eles passaram a aumentar de tamanho.
De acordo com o jornal francês "Le Parisien", a suspeita é de que o Hamas mantenha cerca de 200 pessoas em cativeiro dentro desses túneis.
Como Israel pode destruir os túneis
O Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, diz que a invasão terrestre de Gaza "levará muito tempo, prolongando a guerra contra o Hamas.
Caso Israel decida destruir os túneis, o país possui armamentos específicos para atingir esse objetivo, segundo a emissora estadunidense "NBC"
Conheça as armas que Israel tem à disposição contra a rede de túneis:
Bombas teleguiadas: são bombas fornecidas pelo Exército dos Estados Unidos que têm munição guiada com precisão.
Bomba GBU-28: conhecida como "destruidora de bunkers", essa bomba tem alto poder de destruição e foi projetada para penetrar em alvos que estejam nas profundezas do subsolo. No entanto, ela pode causar a morte de muitos civis.
Bomba 'esponja': é uma bomba que solta uma esponja que, em contato com o ar, passa por uma reação química e endurece. Isso permitiria às forças de Israel fechar passagens de túneis, encurralando o Hamas.
Fatores de risco
Apesar de todo esse poder bélico dos israelenses, há o perigo de que o Hamas tenha colocado milhares de bombas e explosivos ao longo dos túneis.
"É provável que haja muitos dispositivos explosivos improvisados, muitas armadilhas. O ataque terrestre é uma atividade realmente extenuante", disse o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em entrevista coletiva.
De acordo com Daphné Richemond-Barak, especialista em guerra subterrânea da Universidade de Reichman, em Israel, o Hamas pode usar os reféns como escudo humano no caso de Israel invadir os túneis.
"O Hamas é muito bom no uso de escudos humanos e poderia facilmente usar essa técnica no contexto dos túneis, colocando reféns israelenses, americanos e outros dentro deles", disse Richemond-Barak em entrevista à "BBC Inglaterra".
Além disso, ao destruir os túneis, edifícios inteiros podem desabar, como já ocorreu em 2021, segundo a "BBC". Um outro fator de risco é o Hamas deixar milhares de soldados israelenses entrarem nos túneis para depois explodi-los.
"Eles poderiam simplesmente deixar os soldados entrarem na rede de túneis e, eventualmente, explodir tudo. Eles poderiam sequestrar [os soldados em ataques surpresa]. Você tem, ainda, todos os outros riscos, como ficar sem oxigênio, lutar contra o inimigo em combate um-a-um e resgatar soldados feridos torna-se virtualmente impossível", disse Barak.
De acordo com o "The Economist", o uso de gases, mesmo o lacrimogêneo - muito usado em operações policiais -,é considerado um crime de guerra.