'Terror com olhos vidrados': o trauma de menina após sequestro pelo Hamas
Colaboração para o UOL*
30/11/2023 12h22
Emily Hand, a menina israelense-irlandesa de nove anos libertada no sábado (25) pelo Hamas, tem medo de fazer barulho e agora apenas "sussurra" ao falar, declarou seu pai, Tom Hand, em entrevista à CNN.
Ela foi condicionada a não fazer barulho.
Tom Hand à CNN
"A parte mais chocante e perturbadora de encontrá-la foi que ela estava apenas sussurrando, você não conseguia ouvi-la. Tive que colocar meu ouvido perto de seus lábios", contou.
Trauma pós-sequestro
Emily ficou 50 dias como refém do grupo extremista —ela completou seu aniversário de nove anos nos túneis de Gaza. A garota foi sequestrada em 7 de outubro no kibutz Beeri, quando dormia na casa de uma amiga, Hila, de 13 anos, que também foi liberada no último final de semana.
Ao canal de televisão, o pai da menina falou sobre o comportamento dela após seu retorno. "Você podia ver o terror com olhos vidrados", disse Hand. O trauma pós sequestro também é visível em algumas atitudes, como por exemplo não querer ser tocada ou consolada.
Ela chorou até ficar com o rosto vermelho e manchado, ela não conseguia parar. Ela não queria nenhum conforto, acho que ela se esqueceu de como é ser consolada. Ela foi para debaixo das cobertas da cama, da colcha, se cobriu e chorou baixinho.
Tom Hand à CNN
Apesar disso, Hand disse que a garota afirmou que ninguém bateu nela. No entanto, ele imagina que só a força das vozes foi suficiente para controlá-la enquanto esteve no cativeiro do Hamas. Por fim, ele contou que perguntou à filha por quanto tempo ela pensava que tinha sido sequestrada, e ela respondeu "um ano".
Além dos sussurros, isso foi um soco no estômago. Um ano.
Tom Hand à CNN
Garota foi dada como morta
Em um primeiro momento, Emily foi considerada morta. Porém, semanas depois, autoridades israelenses confirmaram que ela estava entre os reféns do Hamas.
As autoridades israelenses afirmam que 240 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza em 7 de outubro, durante o ataque sem precedentes do grupo extremista que deixou 1.200 mortos em Israel, a grande maioria civis.
Acordo entre Israel e Hamas. Desde a última sexta-feira (24), o Hamas liberta a cada dia uma dezena de mulheres e crianças sequestradas no ataque, em uma troca por prisioneiros palestinos.
*Com AFP