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Coreia do Sul tenta proibir consumo de carne de cachorro, mas sofre ameaças

Consumo de carne de cachorro é comum na Coreia do Sul Imagem: JUNG YEON-JE/AFP

Colaboração para o UOL

01/12/2023 13h55Atualizada em 01/12/2023 13h55

A Coreia do Sul está planejando proibir o consumo de carne de cachorro. O anúncio feito pelo governo, no entanto, não agradou fazendeiros, açougueiros, donos de restaurantes e outros profissionais ligados ao ramo.

O que aconteceu:

Manifestação no prédio do gabinete presidencial. Diante da proposta, cerca de 200 pessoas envolvidas no ramo, de fazendeiros a donos de restaurantes, fizeram uma manifestação em frente ao prédio do gabinete presidencial na última quinta-feira (30).

Os criadores de cachorros não foram envolvidos em discussões sobre um novo projeto de lei. Joo Young-bong, que liderou a manifestação, disse à Reuters que os políticos não têm o direito de fechar uma indústria ou decidir o que as pessoas escolhem para comer.

Não podemos concordar com a ideia de que seja bárbaro, porque todos os países que têm tradição de criação de animais já comeram cães em algum momento e ainda há países onde isso é feito.
Joo Yeong-bong

Manifestação foi controlada pela polícia. Ainda segundo a agência de notícias, Joo foi um dos três manifestantes presos durante a manifestação. As autoridades também alegaram que os participantes levaram cerca de 100 cachorros, e foram impedidos pela polícia de soltá-los. A polícia precisou fazer barricadas para conter a movimentação.

2 milhões de cachorros nas ruas. De acordo com a revista Time, a Associação Coreana de Produtores de Carne de Cachorro ameaçou ainda soltar dois milhões de cães em áreas próximas a prédios públicos de Seul, como também em casas de políticos ligados ao projeto de lei.

Projeto de lei quer proibir carne de cachorro no país

Fim da produção, venda e compra da carne da cachorro. O Partido do Poder do Povo e o Partido Democrático da Coreia apresentaram dois projetos de lei que visam proibir a produção, venda e compra da carne de cachorro no país. A punição nesses casos é prevista em detenção de três a cinco anos e multa de pelo menos R$ 114 mil, segundo o jornal O Globo.

Mudança gradual. O plano apresentado, que é resultado de um raro apoio bipartidário, encerraria gradualmente com a indústria desse tipo de produto na Coreia do Sul até 2027. Para isso, está previsto também um apoio financeiro aos envolvidos no setor.

O consumo de carne de cachorro não é explicitamente proibido nem legalizado na Coreia do Sul. Segundo a ABC News, cerca de 700 mil a um milhão de cachorros são abatidos para consumo todos os anos no país.

Consumo caindo. De acordo com uma pesquisa da Nielsen, encomendada neste ano pela Humane Society International, um grupo de defesa dos animais, 86% dos sul-coreanos têm pouca intenção de consumir carne de cachorro e 57% apoiam a proibição do consumo de carne do animal. Já uma pesquisa da Gallup Coreia do ano passado mostrou que 64% dos entrevistados se opunham ao consumo de carne de cachorro.

Apoio importante. Recentemente, a campanha contra a prática também ganhou o apoio da primeira-dama Kim Keon Hee. Com o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol, ela é tutora de seis cães.

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