Colônias de pinguins-imperadores são achadas graças a cocô visto do espaço
Colaboração para o UOL
24/01/2024 16h02
Pesquisadores conseguiram identificar novas colônias de pinguins-imperadores, espécie ameaçada de extinção, graças a manchas de cocô detectadas por satélite na Antártida.
O que aconteceu
Quatro novas colônias desses animais foram encontradas. A descoberta foi feita após os pesquisadores identificarem, em imagens de satélite do continente gelado, manchas específicas de guano (como é chamado o cocô das aves).
Estudos mostram que grupos estão migrando. Algumas dessas colônias parecem estar mudando de local à medida que as alterações climáticas ameaçam o gelo marinho da Antártida, onde vivem e se reproduzem.
As quatro colônias provavelmente existiam há anos, mas não haviam sido avistadas. Peter Fretwell, oficial de informação geográfica do British Antarctic Survey, se debruçou sobre as imagens e as encontrou.
As quatro novas descobertas elevam o total de colônias conhecidas de pinguins-imperadores para 66. Em um artigo na revista Antarctic Science, Fretwell explica que as descobertas nos dão uma ideia da distribuição e de onde estão as colônias, e isso é importante para o monitoramento de como elas se adaptam às mudanças climáticas. "Mas isso não muda muito o quadro geral", avisa.
A espécie está ameaçada de extinção e população vem caindo. Os pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) são classificados como ameaçados de extinção, segundo o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos. Restam cerca de 600 mil deles — uma queda de 50% no último meio século, segundo o World Wildlife Fund.
Aquecimento global pode comprometer o futuro desses animais. Embora a descoberta seja inestimável para os investigadores, eles alertam que ela pouco contribui para alterar as perspectivas negativas a longo prazo para a espécie, cujo habitat de gelo marinho está sendo derretido pelo aquecimento global.
Aves gigantes
Com cerca de 1,20 metro de altura, os pinguins-imperadores podem pesar até 45 quilos. Para sobreviver ao frio extremo da Antártida, com temperaturas de até 45 graus negativos, esses animais desenvolveram uma estratégia de reprodução única. Os machos incubam os ovos por cerca de dois meses, enquanto as fêmeas saem para caçar.
O gelo marinho da Antártida está derretendo a um ritmo alarmante. No ano passado, atingiu o seu mínimo histórico desde que os cientistas começaram a medir em 1979, segundo informou a NBC News.
O derretimento do gelo marinho ameaça a sobrevivência dos pinguins-imperadores de várias maneiras. Em primeiro lugar, torna mais difícil para eles encontrarem comida. Essas aves são caçadoras de peixes e crustáceos, e o gelo marinho fornece uma plataforma de lançamento para eles caçarem.
Em segundo lugar, o derretimento do gelo marinho dificulta a sua reprodução. Os filhotes precisam de uma superfície plana para se desenvolverem, e o gelo marinho fornece essa superfície. Até agora, estima-se que cerca de um terço das colônias de pinguins-imperadores foram afetadas pelo derretimento do gelo marinho.