'Maior sucuri do mundo' é descoberta na Amazônia
Colaboração para o UOL
21/02/2024 13h16Atualizada em 24/02/2024 17h53
Cientistas relataram ter encontrado na Amazônia, na porção norte da América do Sul, a maior sucuri do mundo já registrada: uma sucuri-verde-do-norte.
O que aconteceu
A nova espécie de sucuri-verde (também chamada de anaconda verde) foi demonstrada pelo apresentador de TV professor Freek Vonk. Ele estava acompanhado de um grupo de cientistas, para uma nova série sobre vida selvagem.
A descoberta foi anunciada junto de um vídeo, que não é da cobra em questão. Ao UOL, Vonk explicou que as imagens publicadas por ele não mostram esse réptil, mas sim a sucuri-verde-do-sul (Eunectes murinus), localizada em Mato Grosso do Sul. "Eu postei o vídeo para mostrar que existem duas espécies de sucuri-verde", declarou à reportagem. Ainda de acordo com Vonk, o artigo sobre a sucuri-verde-do-norte foi publicado no jornal Diversity.
Animal teria quase oito metros de comprimento e pesaria cerca de 200 quilos, segundo Vonk. "Eu estimei o tamanho dela com base em quão maior ela era do que eu. Sou um cara grande, 1,96 m, e estimei que ela tivesse quatro vezes o meu tamanho. Claro, qualquer pessoa pode assistir ao vídeo e fazer seu próprio julgamento. Eu não me importo. Seu comprimento é discutível - mas todos podem ver que ela é enorme", afirmou.
A cobra é tão grossa quanto um pneu de um carro e tem uma cabeça do tamanho da de um ser humano, informaram os pesquisadores. "Ela é como um monstro, parece um ser mitológico", afirmou o professor, que também é cientista.
Até ao momento, apenas uma espécie de sucuri-verde havia sido reconhecida na Amazônia, e seu tamanho chegava a, no máximo, sete metros de comprimento. Vonk fez um post revelando a novidade em seu perfil no Instagram, na segunda-feira (19). A espécie foi apresentada em um estudo publicado na sexta-feira (16) na revista científica Diversity.
Descobrimos que a maior espécie de cobra do mundo, a anaconda verde -- como todos a conhecemos pelos filmes e por todas as histórias sobre cobras gigantes -- corresponde, na verdade, a duas espécies diferentes
Freek Vonk, apresentador e cientista
Segundo o professor, que apresenta programas de TV sobre vida selvagem, as sucuris-verdes que ocorrem ao norte de sua distribuição na América do Sul parecem pertencer a uma espécie completamente diferente. Ou seja, a população de anacondas verdes do norte na bacia do Orinoco (Equador, Colômbia, Venezuela, Trinidad, Guiana, Suriname) - é uma espécie separada, distinta da encontrada no Sul (Peru, Colômbia, Bolivia e Brasil). Apenas na Guiana Francesa as duas espécies parecem coexistir. A localização da cobra gigante catalogada no estudo não foi especificada.
Embora pareçam quase idênticas à primeira vista, a diferença genética entre as sucuris do norte e as do sul é de 5,5%, o que é muito significativo. Como exemplo, ele cita que humanos e chimpanzés possuem uma diferença genética de 2%.
Os pesquisadores coletaram amostras de sangue e tecido de sucuris verdes no Equador, Venezuela e Brasil. O processo foi documentado exclusivamente pela NatGeo (National Geographic para sua próxima série da Disney+, Pole to Pole With Will Smith, explicou Bryan Fry , explorador da NatGeo, biólogo da Universidade de Queensland, na Austrália, e coautor do novo estudo.
Os autores do estudo também examinaram cada animal de perto para contar escamas e procurar outras características físicas que pudessem sinalizar uma divergência evolutiva. Após analisar os dados genéticos, eles encontraram uma divisão clara entre sucuris amostradas na parte norte da cordilheira e aquelas no sul.
A nova espécie foi batizada com o nome latino Eunectes akayima, a "anaconda verde do norte". A palavra "akayima" vem de diversas línguas indígenas do norte da América do Sul e significa "grande cobra".
Apesar de recém-descoberta, a nova espécie já está sob ameaça. "A região amazônica está sob forte pressão devido às mudanças climáticas e ao desmatamento contínuo. Mais de um quinto da Amazônia já desapareceu, o que representa mais de 30 vezes a área dos Países Baixos. A sobrevivência destas cobras gigantes está intimamente ligada à proteção do seu habitat natural", apontou Vonk.