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445 dias: como Júlio César criou o ano mais longo e confuso da história

Imperador Júlio César decidiu reformar o antigo calendário romano, antes baseado em fases da lua Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/02/2024 09h13Atualizada em 29/02/2024 15h26

Talvez você não saiba, mas o ano de 46 a.C. (antes de Cristo) é considerado por historiadores como o mais longo (e confuso) na história da humanidade, tanto é que ficou conhecido como o "ano da confusão".

O que aconteceu

Tudo começou quando o imperador Júlio César decidiu reformar o antigo calendário romano. O que vigorava até então era dividido em 355 dias, em 12 meses, baseado nas fases da lua, o que provocava um desajuste entre estações, datas e as épocas de plantio e colheita, por exemplo.

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Ao final dos 365 dias (e algumas horas) do ano solar, sempre havia um descompasso em torno de 10 dias entre o calendário lunar de Roma e o ano solar. Por isso, de tempos em tempos, os sacerdotes romanos adicionavam o mês intercalaris (ou mercedônio), entre fevereiro e março, para sincronizar os calendários, garantindo que as estações do ano ocorressem sempre na mesma época, por exemplo.

O objetivo de Júlio César era corrigir os erros do calendário romano vigente, ou lunissolar, e criar um baseado no ciclo do Sol. Júlio César então decidiu consultar Sosígenes, um astrônomo de Alexandria, na costa mediterrânea do Egito, com quem era bastante próximo.

O astrônomo Sosígenes aconselhou o imperador a adotar o formato com 365 dias e seis horas, um calendário similar ao adotado pelos egípcios. As horas que acumulavam a cada ano seriam compensadas a cada quatro anos com a inclusão de mais um dia em fevereiro. É o que chamamos de anos bissextos, que servem para arredondar o calendário, com a presença de um 29º dia em fevereiro.

Para se chegar a isso, foi necessário alinhar com o ciclo solar. Assim foi criado, em 46 a.C., um ano com 15 meses (ou 445 dias) para compensar a defasagem. Ou seja, foram mais 90 dias, e dois meses extras.

Os períodos extras, entre novembro e dezembro, tiveram 33 e 34 dias. Outra mudança estabelecida foi que o ano começasse em 1º de janeiro, e não mais em março.

Uma curiosidade é que, anteriormente, contava-se o ano em 10 meses de trabalho. Os meses que sobravam eram os que não havia trabalho na agricultura, no pico do inverno. Eles não eram contados.

O chamado calendário juliano foi adotado até o ano de 1582, quando o papa Gregório 13º decidiu fazer novos cálculos e, consequentemente, novos ajustes.

Uma das mudanças estabelecidas foi que o dia adicional dos anos bissextos seria o 29 de fevereiro, e não mais o 24 do mesmo mês, como era definido pelo calendário juliano.

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