Israel diz que abstenção dos EUA 'dá esperança ao Hamas e prejudica reféns'
Colaboração para o UOL, em São Paulo
25/03/2024 13h32Atualizada em 25/03/2024 13h34
O governo de Israel criticou a posição dos Estados Unidos de se abster da votação no Conselho de Segurança da ONU, que aprovou hoje o primeiro cessar-fogo imediato em Gaza.
O que aconteceu
Cessar-fogo "prejudica" esforços para libertação de reféns e traz esperanças ao Hamas, alega o governo israelense. "Isto dá ao Hamas esperança de que a pressão internacional lhe permitirá obter um cessar-fogo sem a libertação dos nossos reféns", diz o comunicado do gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
Netanyahu cancela viagem de delegação aos EUA. O grupo iria, a pedido de Joe Biden, debater com os americanos uma alternativa à invasão planejada por Israel de Rafah. O primeiro-ministro acusou a Casa Branca de abandonar sua "posição de princípio".
Casa Branca nega que abstenção implique em mudança de posição pró-Israel. Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, reiterou que os Estados Unidos são a favor de um cessar-fogo, mas se abstiveram porque a resolução aprovada não condenava o Hamas — anteriormente, os EUA vetaram outras propostas de trégua.
Conselho da ONU aprova 1º cessar-fogo
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, o Conselho de Segurança da ONU falhou em sucessivas tentativas de aprovar uma resolução para cessar-fogo imediato. Hoje, porém, o Conselho referendou trégua durante o Ramadã — em tese, a decisão vale até 9 de abril.
O texto aprovado também determina a libertação imediata dos reféns mantidos pelo Hamas. Além disso, prevê a abertura de Gaza para ajuda internacional. A aprovação ainda ocorre no mesmo dia em que um relatório da ONU classifica, pela primeira vez, como "genocídio" as mortes ocorridas entre os palestinos.
Foram 14 votos de apoio ao cessar-fogo e uma abstenção — a dos Estados Unidos. O gesto norte-americano marca uma mudança importante em sua posição e a confirmação de um racha entre Biden e Benjamin Netanyahu.
O que a resolução determina
- Que o cessar-fogo imediato para o mês do ramadã seja respeitado por todas as partes, levando a um cessar-fogo sustentável e duradouro.
- A libertação imediata e incondicional de todos os reféns e a garantia de acesso humanitário.
- Que as partes cumpram suas obrigações de acordo com o direito internacional em relação a todas as pessoas detidas.