Justiça da Argentina culpa Irã por ataque a centro judaico em 1994
Do UOL, em São Paulo
11/04/2024 21h26Atualizada em 11/04/2024 21h50
O Tribunal Federal de Cassação Criminal, da Argentina, concluiu, nesta quinta-feira (11), que o governo do Irã foi o responsável pelo ataque ao centro judaico Aima em 1994. O atentado deixou 85 mortos.
O que aconteceu
Os juízes descreveram o Irã como um "Estado terrorista" e autor de um crime contra a humanidade, segundo o jornal Clarín.
A corte concluiu que o grupo terrorista Hezbollah foi o responsável por executar o ataque. "Agiu sob a inspiração, organização, planejamento e financiamento de organizações estatais e paraestatais subordinadas ao governo dos aiatolás [lideranças religiosas]".
O Tribunal Federal de Cassação Criminal também ligou o Irã e o Hezbollah pelo ataque à embaixada de Israel na Argentina, em março de 1992.
Os juízes ressaltaram que a conclusão pode ter responsabilidade internacional. "Mesmo quando o ato terrorista tenha sido cometido por um grupo que não é formalmente estatal, mas que atua sob o controle ou direção desse país (como o caso da relação entre o Hezbollah e o Irã)".
O tribunal também cita a necessidade de reparação dos danos causados pelo atentado. "Obrigação de reparar integralmente os danos causados, morais e materiais, abrindo caminho para as vítimas e os afetados reclamarem perante tribunais internacionais".
'Vingança'
Os juízes avaliaram, segundo o jornal Clarín, que os dois ataques foram motivados por vingança. O governo argentino havia cancelado três contratos de fornecimento de material e tecnologia nuclear à cidade de Teerã, capital do Irã. A mudança de postura teria ocorrido após a aliança do então presidente Carlos Menem com os Estados Unidos e a sua participação na primeira Guerra do Golfo, em 1991.
Os iranianos teriam considerado "intolerável" o descumprimento do acordo. Os ataques teriam sido "uma forma extrema de pressão para que o nosso país revertesse pela força da coerção a sua decisão de cancelar esses acordos".