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Pai e filho brasileiros que viajam com cão estavam no Irã no dia de ataque

Luiz Fernando Camargo, Gabriel e Belmiro viajam o mundo de bicicleta Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

24/04/2024 04h00

Pai e filho brasileiros que viajam o mundo de bicicleta estavam no Irã, a 8 quilômetros de onde ocorreram ataques de mísseis atribuídos a Israel na última quinta-feira (18).

O que aconteceu

Luiz Camargo, seu filho, Gabriel Camargo, e o border colie Belmiro presenciaram o ataque no último dia 18. Eles viajam o mundo e estavam na cidade atacada no exato momento em que os mísseis foram interceptados. Eles relatam uma sensação de revolta por parte da população local.

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O trio viaja o mundo de bicicleta desde o ano passado. Luiz é professor de história e decidiu se aventurar para conhecer de perto o traçado da humanidade. Para isso, levou o filho e o animal de estimação. Eles já estão no Irã há quase dois meses.

Ataque da semana passada teria sido resposta ao Irã. Os mísseis foram lançados dias depois de o Irã lançar dezenas de drones militares em direção a Israel, no sábado (13). O serviço de inteligência dos Estados Unidos diz que Tel Aviv coordenou os ataques, mas o governo israelense não assumiu nem negou a autoria.

O ataque iraniano de sábado, porém, já havia sido um revide ao bombardeio atribuído a Israel contra o consulado do Irã na Síria em 1º de abril. A explosão matou dois líderes militares do Irã.

Brasileiros não viram mísseis, mas ouviram

No momento do ataque, os brasileiros estavam em um condomínio em Isfahan, a 8 quilômetros do local do ataque. Luiz disse ao UOL que estava na região por acaso, por achar o lugar acolhedor, o povo hospitaleiro e a localização privilegiada — no centro do país.

Luiz Camargo relatou que não viu os mísseis, mas ouviu ruídos do que teria sido a interceptação dos artefatos. Ele disse que, apesar da instabilidade no Oriente Médio, não esperava que houvesse algum tipo de ataque durante a passagem da família pelo país.

Ataque sem vítimas. Isfahan fica a cerca de 450 quilômetros da capital Teerã e conta com uma base da Força Aérea iraniana. Os mísseis foram interceptados e não foram registradas mortes nem feridos.

Acredito que a gente não corre riscos. Não vejo risco de guerra. A gente sabia da tensão, mas não passava pela mente a ideia de guerra no momento. Isfahan tem instalações nucleares, mas a gente não esperava, estamos há 60 dias no Irã, pois o povo daqui é muito gentil. Passamos por 35 países e este nos surpreendeu pela receptividade. Por isso estávamos aqui no momento desse ataque.
Luiz Camargo, viajante

População mais unida. O professor afirmou que o ataque não criou pânico na população de Isfahan, mas revoltou e uniu ainda mais a comunidade.

Não tem clima de medo no país, todo mundo tranquilo. Não houve dano civil. Isfahan tá muito tranquila. O ataque foi na sexta, dia de descanso deles, dos mulçumanos, então não tem clima de medo, mas tem sentimento de revolta, de raiva. Nessa hora todo mundo se une porque fica todo mundo com raiva de Israel. Tentando entender os ataques. Historicamente o conflito é visível.
Luiz Camargo, viajante

Luiz e Belmiro, à esquerda, e Gabriel, à direita; os três viajam o mundo de bicicleta Imagem: Reprodução/Instagram

Brasileiros continuam no Irã

Luiz, o filho e o cão seguem no Irã. No trajeto pelo país, vão para o leste com destino ao Paquistão, passando por pontos turísticos e históricos. Luiz acredita que vai conseguir sair do país em algumas semanas, levando em consideração a grande dimensão territorial iraniana.

Aventura é documentada nas redes sociais. O santista disse que não tem críticas ao Irã, a não ser pelo sinal de internet, que segundo ele é "complicado". Em um vídeo no Instagram, ele acalmou familiares e amigos e disse que estão bem, tomando os cuidados necessários.

Entenda o conflito entre Israel e Irã

Animosidade antiga. Irã e Israel são inimigos políticos há décadas, desde a Revolução Islâmica, no final dos anos 1970. No conflito recente entre Israel e o grupo palestino Hamas, o governo iraniano se posicionou contrário a Tel Aviv.

Ataque israelense. No dia 1º de fevereiro, Israel bombardeou o consulado do Irã na Síria, matando dois líderes militares. O governo rival afirmou que o ataque não ficaria impune.

Sistema anti-míssil de Israel abatendo artefatos em ataque realizado pelo Irã Imagem: Amir Cohen/Reuters

Resposta iraniana. No dia 13 de abril, o Irã lançou dezenas de drones e mísseis em direção a Israel. Ao menos 300 artefatos foram disparados, e o sistema de defesa antiaérea israelense entrou em ação. O ataque aumentou a escalada de violência no Oriente Médio.

Possível retaliação israelense. Mísseis lançados contra instalações nucleares do Irã foram interceptados na noite da última quinta-feira (18) em Isfahan. A informação foi divulgada pela imprensa estatal iraniana. O ataque foi atribuído pelas fontes de inteligência dos Estados Unidos a Israel, que não confirmou a autoria.

A mídia estatal disse que ao menos três drones foram abatidos. A Iranian Press TV relatou apreensão no centro da cidade.

Instalações nucleares do Irã não foram atingidas. Várias bases nucleares iranianas estão localizadas na província de Isfahan, mas o governo não relatou prejuízos com o ataque e negou qualquer explosão em solo.

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