Site: Rússia manda esposas suportarem abusos de soldados sádicos da guerra
Colaboração para o UOL, em São Paulo
17/05/2024 12h19
O governo da Rússia elaborou uma cartilha em que orienta as esposas a "se adaptarem ao abusos que possam sofrer" de seus maridos que retornam da guerra contra a Ucrânia.
O que aconteceu
Soldados russos têm retornado do combate como "sádicos sexuais". Segundo informações do jornal inglês Daily Mail, esse comportamento agressivo motivou a gestão de Vladimir Putin a recomendar que as esposas "suportem a agressividade e os abusos" de seus companheiros.
Relacionadas
As esposas devem "compreender" o estado mental de seus companheiros, diz cartilha do governo russo. Ainda segundo o jornal, o documento instruí as mulheres a demonstrar "empatia" aos maridos, por mais que alguns ajam de forma violenta. É aconselhado que as esposas "ajudem" os soldados a superarem os traumas da guerra para que voltem ao estado de normalidade mental de antes do conflito.
Cartilha detalha como pode ser o comportamento agressivo dos soldados. "As mudanças podem se manifestar na intolerância temporária ao toque e na diminuição do desejo sexual. No entanto, os soldados podem expressar aumento da excitação sexual, com atos mais frequentes e a possibilidade de maior predisposição para sexo agressivo".
Esposas não devem criticar seus maridos, recomenda a cartilha. O texto elaborado pela organização Frente Popular Russa diz que as mulheres devem ajudar os companheiros, não criticá-los ou repreendê-los por atitudes grosseiras e violentas.
Putin quer que as mulheres arquem com os custos da guerra, afirmou a ativista de direitos humanos Alena Popova. Ela criticou a cartilha por instruir as mulheres a "aguentarem as imposições de seus maridos, independentemente do que eles façam".
Uma mulher não deve suportar tudo porque o marido retorna da guerra com transtorno pós-traumático. As mulheres não vão suportar isso em silêncio e as suas vozes estão cada vez mais altas.
— Alena Popova
Rússia enviou condenados por estupro para a guerra. Com as baixas de militares no conflito que já dura dois anos contra a Ucrânia, Putin autorizou que presos por abusos sexuais ganhassem liberdade para lutarem no front. Alguns desses criminosos retornaram para suas casas na Rússia.
Militares russos estupraram mulheres ucranianas. Entre os diversos crimes cometidos pelas tropas russas na Ucrânia, a violência sexual é usada como arma de guerra, segundo relatório elaborado pela Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Ucrânia, estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas).
A Rússia não se manifestou sobre a matéria do Daily Mailreferente a cartilha para orientar as mulheres a suportarem os abusos de seus maridos. O Kremlin também não comenta as denúncias de estupros praticados por seus soldados na Ucrânia. O governo de Vladimir Putin tem intensificado a guerra contra o país vizinho e não dá indícios de um cessar-fogo a curto prazo.