Candidata do partido de Le Pen desiste após aparecer com chapéu nazista
Do UOL, em São Paulo
02/07/2024 11h02Atualizada em 02/07/2024 15h06
Uma candidata de extrema direita desistiu de disputar o segundo turno das eleições legislativas na França após uma foto sua usando um chapéu com insígnias nazistas ser compartilhada nas redes sociais. Ludivine Daoudi concorria pelo Rassemblement National (Reunião Nacional), partido de Marine Le Pen, no distrito eleitoral de Calvados.
O que aconteceu
Imagem de Ludivine foi publicada por concorrente de esquerda. Emma Fourreau, da Nova Frente Popular (NFP), escreveu: "Ludivine Daoudi (...) está desaparecida desde o início da campanha. Quando olhamos para suas redes sociais, entendemos melhor o porquê. No dia 7 de julho, [não dê] nenhum voto a esses fascistas imundos".
Desistência foi confirmada nesta terça (2) por representante do partido. Segundo Philippe Chapron, Ludivine não nega que tenha tirado a foto "anos atrás", sem especificar quando, durante uma cerimônia de troca de armas em Saint-Pierre-sur-Dives. "Ela concorda que a foto é de mau gosto. De qualquer maneira, sua candidatura será retirada hoje", disse ele à rádio France Bleu.
Ludivine havia conquistado quase 20% dos votos no primeiro turno. Com 19,95%, a candidata do RN ficou atrás de Joël Bruneau (43,11%), de Les Républicains (Os Republicanos, de direita), e Emma Fourreau (34,82%). Com a desistência de Ludivine, a disputa do segundo turno ficará entre Joël e Emma.
Outra candidata do RN também causou polêmica com declarações recentes. Paule Veyre de Soras, que ficou em segundo lugar (29%) em Mayenne, tentou defender o histórico "multiculturalismo" do partido, que tem "judeus, muçulmanos, espanhóis" entre seus integrantes. "Eu tenho um judeu como oftalmologista", disse ela na segunda (1º). "E tenho um muçulmano como dentista."
O que esperar do 2º turno
Sistema de votação em dois turnos torna cenário atual incerto. Todos os candidatos que obtiveram mais de 12,5% dos votos nos 577 distritos eleitorais franceses passarão para a segunda e definitiva rodada de votação. O alto comparecimento às urnas no primeiro turno — quase 70%, o maior em quatro décadas — sugere que o segundo pode ser mais volátil do que o normal, uma vez que muitos assentos do Parlamento parecem destinados a disputas triangulares.
Oposição já se movimenta para criar frente contra a extrema direita. Para evitar a divisão do voto, tanto a NFP, de esquerda, quanto o Juntos, de centro, se comprometeram a se retirar estrategicamente da disputa se seus candidatos terminarem em terceiro lugar, deixando que o outro avance para o segundo turno para enfrentar a RN em uma base mais forte.
Emmanuel Macron renovou o apelo contra o avanço dos radicais. "Diante da vitória do RN, chegou a hora de uma aliança ampla, claramente democrática e republicana para o segundo turno", disse o presidente francês em comunicado divulgado no domingo (30). Representantes da esquerda também assumiram compromissos semelhantes contra a extrema direita, mas ainda não se sabe se todos cumprirão suas promessas.
(Com AFP e Deutsche Welle)