Análise: Demora de Maduro para mostrar atas sugere resultado ilegítimo
Colaboração para o UOL, em São Paulo
01/08/2024 05h30
Demora do ditador Nicolás Maduro para entregar as atas da eleição presidencial da Venezuela do último domingo (28) torna ducumentação mais ilegítima e aumenta desconfiança sobre sua confiabilidade, analisou a professora de política internacional e segurança da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Danielle Ayres, durante entrevista no UOL News 2ª Edição desta quarta-feira (31).
Durante discurso realizado hoje no TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), em Caracas, Maduro prometeu divulgar as atas eleitorais que comprovariam sua reeleição e pediu a investigação de uma suposta tentativa de golpe no país.
Infelizmente, quanto mais o tempo passa, mais ilegítimo fica o resultado que essas atas vão apresentar. Ainda mais quando o Maduro diz 'nós vamos apresentar as atas'. Ou seja, pensando no processo como ele é feito, do ponto de vista eletrônico, é uma urna eletrônica que emite atas quase que instantaneamente no final do processo. Você conseguiria apresentar isso muito rápido, como acontece no Brasil. A apuração é muito rápida no Brasil. Danielle Ayres, professora de relações internacionais
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Não faz sentido nenhum que essas atas demorem a serem entregues. Só faz sentido se o processo estiver de alguma forma sendo fraudado ou com algum outro tipo de problema. Quanto mais tempo, mais ilegítimo parece ser o resultado dessas atas. Danielle Ayres, professora de relações internacionais
Para a especialista, não é possível garantir que as atas sejam entregues em sua total fidelidade com votos registrados sem adulteração.
Teremos muita pouca capacidade de entender fidedignas [as atas] se elas forem apresentadas daqui para frente. A tendência é que elas sejam apresentadas e o resultado, obviamente, corrobore a posição do governo de Maduro. Aqui talvez more o maior perigo: por que o que virá depois? Danielle Ayres, professora de relações internacionais
A gente primeiro não consegue de forma efetiva internacionalmente contestar e fazer com que aquilo seja revisto. Nós não podemos é legitimar: 'olha, não me parece que sejam reais esses números'. Mas se internamente a burocracia venezuelana disser que são reais, é um assunto interno daquele estado. Aí começa a fase dois desse processo, que é punir aqueles que discordaram desse processo para aquilo que está sendo chamado hoje na Venezuela de terrorismo eleitoral. Danielle Ayres, professora de relações internacionais
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