'Eleição na Venezuela foi roubada em vários momentos', dizem especialistas

Daniel Sousa e Tanguy Baghdadi, criadores do Petit Journal, apontaram que houve fraudes nas eleições que reconduziram Nicolás Maduro à presidência da Venezuela. Em entrevista ao Alt Tabet, do Canal UOL, os especialistas em política internacional analisaram que as ilegalidades no processo eleitoral venezuelano começaram na gênese do pleito, quando o ditador "escolheu" seu adversário nas urnas.

Sousa ponderou que o pleito venezuelano "foi muito roubado em vários momentos". "Desde o processo eleitoral em si, em que o Maduro escolheu com quem ele iria concorrer, no próprio processo houve prisões de líderes da oposição e a não divulgação dos boletins de urnas", declarou.

Para ele, a Justiça Eleitoral da Venezuela, "controlada por aliados de Maduro", errou ao não divulgar as atas do pleito. "Estamos falando de um Conselho Nacional Eleitoral que simplesmente disse: 'Olha, o Maduro venceu e é isso, acreditem em mim'. Isso não é possível, ainda mais em um Conselho que é controlado pelos maduristas".

Baghdadi avaliou que Nicolás Maduro não se incomoda mais com a repercussão negativa das suspeitas de ilegalidades nas eleições venezuelanas. "A retaliação internacional importa menos. O Maduro já colocou isso na equação, já entendeu que vai ficar isolado de qualquer maneira e que isso não fará diferença. Você consegue se manter isolado. Agora, internamente, a coisa pode ser diferente, porque, principalmente, a expectativa com essa eleição era muito diferente".

Nicolás Maduro foi reconduzido à presidência da Venezuela para um terceiro mandato consecutivo. A oposição contesta o resultado das eleições com acusações de que houve fraudes e deram início a uma série de manifestações. Até o momento, pelo menos 19 pessoas morreram e mais de mil foram presas.

Kamala Harris tem desafio maior que o de Barack Obama

Sousa disse que o principal desafio de Kamala é bater Trump nos chamados estados-pêndulo, que costumam definir o resultado das eleições nos EUA. "A eleição, na prática, é disputada nesses estados. Ela vai ter que dialogar com aquele eleitor do Trump, uma pessoa que foi empobrecida pela globalização, que considera que o mundo está mudando muito rápido, e ele vai olhar para uma mulher negra, da Califórnia, uma mulher que tem uma agenda progressista. Isso pode afastar esse eleitorado, é um super desafio".

Baghdadi ressaltou que Obama venceu nos estados-pêndulo e também acredita que, para Harris, o cenário é mais desafiador. "O Obama ganhou as eleições nesses estados-pêndulo, mas a Kamala tem mais a questão de, além de ser negra, ser uma mulher da Califórnia. Ela tem uma missão mais difícil que a do Obama. As pesquisas mostram que o Trump continua a frente nesses estados, mas a distância é menor com a Kamala, que se mostrou competitiva e agora tem que saber se ela vai continuar [crescendo]".

Continua após a publicidade

Quando deve acabar a guerra na Ucrânia?

Sousa analisou que a possibilidade de um acordo de cessar-fogo no conflito que já dura mais de dois anos pode ser mais promissor. "Acordo de paz deve demorar muito tempo. Se você considerar que o fim da guerra [passa pelo] estabelecimento de fronteiras, que é um terreno disputado, também vai demorar muito tempo. Agora o acordo de cessar-fogo talvez chegue um pouco antes", declarou.

Para Baghdadi, "o papel da Ucrânia não era ganhar da Rússia, mas não ser derrotada". "E foi o que a Ucrânia fez, ganhou tempo. E se você tem a Rússia que faz a invasão, o custo maior, inicialmente, é da Rússia. Então a expectativa da Ucrânia é [dizer]: 'Eu preciso de ajuda para manter essa guerra e deixar os russos se preocuparem com isso'. É o que a Ucrânia fez. Nesse sentido, quem tem a vantagem é quem está no terreno. Então se a Ucrânia está se defendendo, ela tem uma série de desvantagens, mas também tem algumas vantagens defensivas e a Rússia tem uma responsabilidade muito grande".

Alt Tabet no UOL

Toda quarta, Antonio Tabet conversa com personagens importantes da política, esporte e entretenimento. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube do UOL. Assista à entrevista completa com os criadores do Petit Journal:

Continua após a publicidade

Deixe seu comentário

Só para assinantes