Kirchner sobre acusação contra Fernández: 'O que há de mais sórdido'
Do UOL, em São Paulo
09/08/2024 14h02
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner criticou Alberto Fernández após a ex-primeira-dama Fabiola Yañez divulgar fotos em que aparece com hematomas no corpo.
O que aconteceu
Kirchner afirmou que fotos revelam os aspectos mais sórdidos da condição humana. "As fotos da senhora Fabiola Yañez com hematomas no corpo e no rosto, juntamente com os bate-papos publicados que revelam o diálogo entre ela e o ex-presidente, não apenas mostram a surra que recebeu, mas também revelam os aspectos mais sórdidos e sombrios do condição humana", escreveu em uma publicação no X, nesta sexta-feira (9).
A ex-presidente destacou que violência verbal ou física não tem bandeira partidária. "Permeiam a sociedade em todos os níveis", disse. Fabiola Yañez denunciou ter sido vítima de violência doméstica supostamente praticada pelo ex-presidente do país.
Cristina Kirchner disse ainda que Alberto Fernández não foi um bom presidente. "Nem Mauricio Macri, nem Fernando De La Rúa, apenas para mencionar aqueles que cumpriram o seu mandato até agora no século XXI. Mas as imagens que vimos ontem à noite difundidas pelos meios de comunicação social em rede nacional virtual, no que constitui uma verdadeira revitimização do denunciante, são outra coisa", complementou.
Pessoalmente e como mulher que foi objeto (e continua a ser) das piores violências verbais e políticas, até à experiência máxima de violência física, como a tentativa de assassinato em 1 de setembro de 2022, expresso a minha solidariedade a todos mulheres vítimas de qualquer tipo de violência.
Cristina Kirchner
Fernández nega agressões. Após a denúncia da ex-esposa, Fernández negou as acusações.
Mídia argentina expõe fotos da ex-primeira-dama machucada
Nas fotos, Yañez aparece com um olho roxo e escoriações pelo corpo. As imagens foram publicadas pelo site Infobae, que também revelou trechos de uma conversa entre a ex-primeira-dama e Fernandez, em que ela o acusa de agredí-la "toda hora".
"Isso não funciona assim, você me bate toda hora. Não é normal. Não posso deixar você fazer isso comigo quando eu não fiz nada contra você. E tudo que tento fazer com a mente focada é defender você, e você me bater fisicamente. Não há explicação", diz trecho de uma mensagem enviada pela ex-primeira-dama, segundo o Infobae.
Fernández teria reagido às mensagens da então companheira pedindo para que ela "pare". "Tenho dificuldade em respirar. Por favor, pare. Eu me sinto muito mal", alega o ex-presidente.
Yañez rebate e diz que foi agredida por três dias consecutivos. "Você me bateu de novo. Você é louco", reage a ex-primeira-dama argentina.
Fabiola Yáñez denunciou Fernández por violência de gênero nesta terça-feira (6). A denúncia ocorreu depois que supostas mensagens que indicariam agressões contra a ex-primeira-dama, incluindo fotos com ferimentos, foram vazadas à imprensa.
"[A Fabíola] ligou para o [juiz] Julián Ercolini e disse 'quero fazer uma denúncia criminal, quero denunciá-lo pelos delitos das agressões que recebi dele e pelas ameaças que venho sofrendo'", disse o advogado da suposta vítima, Juan Pablo Fioribello, ao canal La Nación +.
Magistrado proibiu o ex-presidente de deixar o país, segundo a imprensa local. Ele também teria ordenado medidas de restrição e proteção contra ele.
Vazamento ocorreu após mensagens entre Yáñez e a secretária particular de Fernández, María Cantero. Nelas, a ex-primeira-dama teria relatado agressões sofridas do então presidente, inclusive com fotografias.
Ex-presidente nega agressões. "Tendo tomado conhecimento pela mídia da denúncia de Fabiola Yáñez contra mim, quero expressar que a verdade dos fatos é diferente. Só vou dizer que é falso e que aquilo de que vocês agora me acusam nunca aconteceu", escreveu ele em comunicado.
Pela integridade dos meus filhos, da minha e também da própria Fabíola, não farei declarações na mídia, mas sim fornecerei provas e depoimentos em juízo que revelarão o que realmente aconteceu.
Alberto Fernández em comunicado publicado no X
Yáñez, de 43 anos, e Fernández, de 65 anos, foram casados durante todo o mandato. Eles tiveram um filho em 2022 chamado Francisco. Eles estão atualmente separados. Yáñez vive em Madri com o filho, enquanto Fernández mora em Buenos Aires.
Durante o governo Fernández, Yáñez foi titular da Fundação Banco Nación e não teve papel protagonismo na mídia, da qual fez parte antes de se tornar primeira-dama, quando atuou como jornalista em diversos programas de televisão.
*Com informações da agência AFP