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Marqueteiro de Milei é indiciado com Bolsonaro por tentar golpe no Brasil

Fernando Cerimedo, assessor de Javier Milei Imagem: Amanda Cotrim

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

21/11/2024 16h29Atualizada em 21/11/2024 16h29

O argentino Fernando Cerimedo, responsável por ajudar na expansão da direita pela América Latina, foi indiciado hoje pela PF por suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

O que aconteceu

O relatório da investigação de 884 páginas foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Com o indiciamento, a PF apontou quais crimes os investigados teriam praticado a partir do conjunto de elementos reunidos ao longo da investigação.

Pela primeira vez, um presidente eleito no período democrático é indiciado como responsável por tramar contra a democracia no país. A reportagem tenta contato com a defesa de Bolsonaro, Braga Netto e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.

Entre os grupos está o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral e outro responsável por "incitar militares a aderirem golpe de Estado". Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, núcleo de inteligência paralela e núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.

Quem é Fernando Cerimedo?

Divulgou dossiê com informações falsas sobre eleições brasileiras. Assistido por mais de 400 mil pessoas, o vídeo com dados distorcidos foi amplamente divulgado entre aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado no pleito.

Foi estrategista do presidente argentino de extrema direita, Javier Milei. Cerimedo trabalhou como gerente tecnológico da estratégia digital da campanha presidencial Javier Milei.

Apoiador aberto da família Bolsonaro. Ele diz ter ajudado na campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2018 e ter se encontrado com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pouco antes do segundo turno das eleições de 2022. Ele diz que conhece Eduardo desde 2010, durante um curso nos Estados Unidos.

"Steve Bannon" argentino. Com escritório na badalada região de Puerto Madero, em Buenos Aires, Cerimedo é um estrategista e consultor especializado em marketing digital e político e dono de diversos canais ligados à direita argentina. Chamado por portais locais como um "Steve Bannon latino-americano", em referência ao ex-conselheiro do ex-presidente norte-americano Donald Trump, ele disse em entrevistas querer fortalecer a direita por todo o continente.

Disse a Alexandre de Moraes que "ninguém ia persegui-lo" na Argentina. Em suas redes sociais, Cerimedo ironizou e escreveu que o ministro não seria perseguido e que poderia comentar sobre "o que quiser" caso viesse à Argentina, expandindo sobre as ideias libertárias de Javier Milei.

Na campanha de 2018, ele [Bolsonaro] havia falado muito mal dos gays. Como fizemos para reverter isso? Por WhatsApp, começamos a mandar milhares de mensagens de trolls dizendo: 'Eu sou gay. Bolsonaro pode ser um nazista, mas a economia está bem e vamos viver mais seguros'. A partir dessa influência, parte da comunidade gay o apoiou.
Fernando Cerimedo, em entrevista ao portal argentino "Notícias"

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