Conteúdo publicado há 1 mês

Ataque da Ucrânia em Kursk é revés inesperado para a Rússia: o que se sabe

Mais de mil soldados e dezenas de veículos blindados estão envolvidos no ataque surpresa da Ucrânia à província de Kursk, na Rússia, que teve início na última terça-feira (6). A incursão é a ofensiva mais significativa de Kiev desde que Moscou lançou sua invasão ao território ucraniano, em fevereiro de 2022.

O que aconteceu

Ucranianos chegaram por Sudzha, a cerca de 10 km da fronteira. A cidade russa de 5.500 habitantes é fundamental para o transporte de gás para a Europa. Diferentemente de incursões anteriores, que foram lideradas por grupos de russos anti-Kremlin, a ofensiva desta semana foi conduzida diretamente por forças ucranianas, usando uma combinação de infantaria, blindados e drones.

Governo local decretou emergência e decidiu evacuar a região. O estado de emergência dá às autoridades o poder de restringir a circulação e, assim, tentar controlar a situação em Kursk, que já deixou ao menos cinco civis mortos e 28 feridos, incluindo crianças. Ataques cibernéticos tiraram vários serviços do ar temporariamente, e milhares de pessoas foram obrigadas a sair de suas casas.

Ofensiva mais recente atingiu uma base militar em Lipetsk. O ataque desta sexta (9) causou um grande incêndio, destruiu armazéns e fez explosivos detonarem, segundo o Exército da Ucrânia. Inicialmente, o governo local havia rejeitado os apelos por evacuação, alegando que eram "espalhados pelo inimigo para semear o pânico", mas mudou de postura. Pelo menos seis pessoas morreram.

Drones ucranianos ainda atacaram a região de Belgorod. De acordo com o governador Vyacheslav Gladkov, a ofensiva causou danos materiais, mas não deixou feridos. Em Sebastopol, na Crimeia — anexada ilegalmente pela Rússia em 2014 —, o governador Mikhail Razvojaïev também confirmou ataques de drones aéreos e marítimos. O Ministério da Defesa russo disse que 75 drones ucranianos foram abatidos durante a noite, mas não informou quantos conseguiram avançar.

Ataque é considerado um revés inesperado para a Rússia. Nos últimos meses, Moscou havia registrado vitórias importantes no leste da ex-república soviética. "A Rússia tem acreditado que as leis não se aplicam a ela e (...) [agora] hipocritamente exige a inviolabilidade de seu próprio território", ironizou o conselheiro presidencial ucraniano Mikhail Podoliak em publicação no X (antigo Twitter).

Vladimir Putin classificou a operação como uma 'provocação'. Já o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse na quinta-feira (8) que a Rússia deve "sentir" as consequências da invasão. "A Rússia trouxe a guerra à nossa terra e deve sentir o que fez", declarou, sem se referir diretamente à incursão em Kursk. Oficialmente, a Ucrânia não comenta sobre a ofensiva.

A causa de qualquer escalada (...), inclusive dentro do próprio território da Rússia, como as regiões de Kursk e Belgorod, é a agressão russa, sem dúvidas. Isso inclui tentativas de anexar territórios estrangeiros e desrespeitar as normas do direito internacional que defendem a soberania e a integridade territorial. (...) Guerra é guerra, com suas próprias regras, onde o agressor inevitavelmente colhe os resultados [de suas ações].
Mikhail Podoliak, conselheiro de Volodymyr Zelensky, no X

Continua após a publicidade