Kamala ou Trump? 'Nostradamus das eleições' crava nome do vencedor nos EUA
Colaboração para o UOL*
18/09/2024 09h16
Conhecido pelas previsões nas eleições presidenciáveis nos Estados Unidos, Allan Lichtman divulgou sua aposta para a corrida de 2024, que terá o vencedor conhecido em novembro.
O que aconteceu
Historiador da American University foi apelidado de "Nostradamus" pelo The New York Times por conta de histórico de acertos. Em quarenta anos, o aproveitamento de Lichtman tem sido "quase" perfeito: nas últimas dez eleições, o historiador cravou nove de suas previsões. Allan Lichtman foi, inclusive, um dos únicos nomes a apostar na vitória do republicano Donald Trump nas eleições de 2016. O método adivinha quem será o vencedor das eleições presidenciais nos Estados Unidos desde a reeleição de Ronald Reagan, em 1984.
Único erro de Lichtman foi em eleição marcada por polêmica. A votação de 2000 acabou se tornando uma batalha judicial na Suprema Corte, e o resultado das eleições demorou 37 dias para ser divulgado. Na ocasião, George W. Bush foi eleito presidente, enquanto a aposta de Lichtman havia sido no democrata Al Gore.
Para 2024, o norte-americano divulgou recentemente sua previsão. Em entrevista à rede FOX, Lichtman contou que, após aplicar seu método, considerado por ele um "sistema de previsão único", concluiu que Kamala Harris deve ser eleita presidente.
Minha previsão é: Kamala Harris será uma presidente dos Estados Unidos que quebrará precedentes. A primeira mulher presidente na história dos EUA Allan Litchman à FOX
Segundo Litchman, Kamala apresentou pontos positivos desde que assumiu a posição de candidata democrata à presidência. Atual vice-presidente foi nomeada pelo partido após a desistência do atual presidente Joe Biden. Para Litchman, o apoio declarado do partido a Kamala foi um dos fatores que pesaram a favor da candidata. "Os democratas finalmente tiveram força e foram inteligentes para se unir em volta de Kamala", explicou.
Para o historiador, figura de Kamala agradou parte dos eleitores. Segundo Litchman, com a possibilidade de votar em Kamala, os norte-americanos "não precisavam mais escolher entre dois homens velhos e brancos".
A pouco menos de dois meses do pleito, Litchman acredita que dificilmente sua previsão mudará. "Isso significa que é impossível? Não, eu não sou arrogante o bastante para dizer que nada pode mudar".
Como método utilizado nas previsões foi criado?
Em 1981, historiador conheceu especialista em terremotos no Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA). O russo Vlaidmir Keilis-Borok havia dedicado sua carreira na antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) para o desenvolvimento de um método que permitisse antecipar quando um terremoto ocorreria. Keilis-Borok queria testar sua validade também para prever o resultado de eleições.
Russo fez uma proposta inusitada a Litchman. "Na URSS não havia eleições e como eu era um especialista em história da presidência dos Estados Unidos, ele sugeriu que trabalhássemos juntos", contou o norte-americano à BBC News Mundo.
Em conjunto, a dupla desenvolveu modelo de previsão dos resultados eleitorais. Analisando retrospectivamente os resultados das eleições presidenciais de 1860, Litchman e Keilis-Borok passaram a aplicar a técnica de reconhecimento de padrões utilizadas pelo russo em seus estudos geofísicos.
O segredo do nosso modelo foi reconceituar as escolhas em termos geofísicos, estabelecendo dois cenários possíveis: no primeiro, nós identificamos uma situação de estabilidade, em que o partido [atualmente] na Casa Branca permanece; no segundo, ocorre um terremoto e o partido no poder o perde
Allan Litchman sobre o desenvolvimento de seu método de previsão
Pesquisadores definiram então 13 fatores (chamados por Litchman de "keys", chaves em inglês). Seguindo o raciocínio algorítmico de Keilis-Borok e o conhecimento da história dos EUA de Lichtman, a dupla enumerou uma série de fatores determinantes no resultado da corrida presidencial. Entre os fatores analisados, leva-se em conta, por exemplo, a presença dos partidos no Congresso e se o atual presidente está concorrendo para a reeleição. Eventuais disputas primárias, a presença de um terceiro partido e o desempenho econômico do país em curto prazo também são pontos avaliados no modelo utilizado por Litchman atualmente.
Quando seis ou mais fatores entre os 13 atualmente aplicados não ocorrem, nas palavras de Lichtman, "temos um terremoto político". Nesse cenário, o partido atualmente responsável pelo governo perderá a Casa Branca. Para 2024, por exemplo, Litchman prevê que o partido Democrata perderá, no máximo, em cinco fatores, mantendo o poder.
*Com informações de reportagem publicada em 26/09/2020.